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Cristologia em Malaquias

OBJETIVO DO LIVRO DE MALAQUIAS

Seu objetivo foi despertar o calejado povo que restara em Israel da sua estagnação espiritual, com o intuito de possibilitar que o Senhor tornasse a abençoar suas vidas. O profeta realizou isso tomando como base a ênfase da grandeza do seu Deus, que sempre corresponde à obediência da sua palavra e está planejando o dia do julgamento final, quando então os perversos serão julgados e os justos recompensados (4:1- 3). Ao escrever essas últimas palavras, o profeta lembrou também a todos da obra do Messias, que viria para purificar a nação antes, para que pudessem receber o seu reino e as bênçãos (Mateus 4:17; 21:43).

A RELIGIÃO CORROMPIDA DE ISRAEL

Conforme indicação de Malaquias, havia fortes sintomas de degeneração na fé de Israel. Sua visão de Deus era quase deísta: Questionavam o seu amor (1:2), sua honra e grandeza (1:14; 2:2), sua justiça (2:17) e seu caráter (3:13-15). Essa visão deficiente a respeito de Deus produziu uma atitude arrogante e fez com que as funções do templo fossem realizadas com enfado, o que insultava o Senhor ao invés de adorá-lo (1:7-10; 3:14). O dízimo não era dado de todo o coração, e as ofertas eram compostas de animais doentes e sem valor. Isto ofenderia até o mais simples governador que recebesse tal presente (1:8). Em reação a isto, o Senhor disse que atiraria lixo ao rosto dos sacerdotes (2:3) e amaldiçoaria as sementes plantadas (3:11). O resultado moral dessa religião desprezível foi o povo voltar-se para a feitiçaria, adultério, perjúrio, fraude e opressão do pobre (3:5). A discórdia familiar era frequente, levando-os a se divorciarem das esposas judias para se casarem com mulheres pagãs (2:10 e ss.; 4:6). As condições eram tão más que se fazia necessária a atuação de um Elias para restaurar a paz familiar e evitar outra destruição do Senhor (4:5).

PROMESSA DA VOLTA DE ELIAS (4:5-6)

A última promessa do Antigo Testamento é quanto à volta do profeta Elias antes do “grande e terrível dia do Senhor”. Elias e Enoque foram os dois únicos homens que não passaram pela morte: o Senhor os trasladou para o céu (Gênesis 5:24; 2 Reis 2:11; Hebreus 11:5). Enoque foi o primeiro a anunciar a vinda do Senhor com grande juízo (Judas 14- 15) e Elias será o último (talvez com Moisés, Mateus 17:11; Apocalipse 11:3 e ss.). Embora João Batista tivesse sido semelhante a Elias na sua obra de preparar Israel para o Messias, não foi realmente Elias (Mateus 11:14; 17:11-12; João 1:21). João Batista foi o precursor profetizado por Isaías 40:3 e Mateus 3:3, e o mensageiro de Malaquias 3:1. Elias virá para terminar a obra por ele principiada no tempo de Acabe, de censurar a idolatria nacional e restaurar as famílias de Israel, antes do grande e terrível Dia do Senhor (4:5-6). Na tradição hebraica, Elias é “o maior e mais fabuloso caráter já produzido por Israel. . .É ele quem abre as portas secretas pelas quais os mártires fogem, quem providencia dotes para as infelizes filhas dos pobres. . . Há para ele uma cadeira em todas as circuncisões, e um cálice de vinho em todas as mesas de Páscoa. Ele está nas encruzilhadas do paraíso a fim de saudar todas as pessoas virtuosas. Será o precursor do Messias, anunciando-o no novo mundo onde já não haverá sofrimento para Israel e todos os povos” (Abram Leon Sachar, A History o f the Jews, págs. 50 e ss.). Em 1 Reis 17, Elias parece ter surgido do nada e desaparece de maneira semelhante em 2 Reis 2. Entretanto, sua austera figura ainda subsiste na memória reverente dos judeus enquanto esperam encontrar-se com ele, conforme anunciado por Malaquias. Entretanto, para trazer paz, sua obra será de julgamento em primeiro lugar.

ÚLTIMAS PALAVRAS DE MALAQUIAS (4:4-6)

Esses últimos três versículos são considerados pelos estudiosos um apêndice aos “Profetas” da Bíblia. Abrangem a Lei e os Profetas em Moisés e Elias. No entanto, sua perspectiva não é retrospectiva, mas progressiva, olhando com antecipação o julgamento de Elias e a alegria da era messiânica. Nas Bíblias hebraicas, o versículo 5 é repetido depois do versículo 6 para que o livro não termine com uma palavra de condenação (ocorre a mesma coisa nos livros de Isaías, Lamentações e Eclesiastes). É interessante observar que nas Bíblias hebraicas não existe o capítulo quatro em Malaquias. O capítulo três continua até completar vinte e quatro versículos. A nota dominante dos últimos seis versículos é antecipatória, apontando para os 400 anos de silêncio profético antes que outro “anjo” apareça anunciando a vinda do precursor e do mui esperado Messias (Lucas 1:11, 26 e ss.). A última palavra de Malaquias não foi, na verdade, a última.

CRISTOLOGIA EM MALAQUIAS (1:14; 3:1; 4:2)

Apesar de o Senhor ter assegurado a eles novamente, na introdução do livro, a continuidade do seu amor imutável, a ênfase básica do livro é julgamento. De acordo com esse motivo, podem ser discernidos diversos títulos do Messias: a. Em 1:14, o Senhor declara ser um “grande Rei”, muito maior do que o “governador”, a quem não ofenderiam com uma oferta maculada (1:8). Nessa condição, ele não deixará de julgar o “impostor”, que jura honestidade mas é avarento. Zacarias 14:9 viu a majestade do Rei numa luz messiânica, quando o seu nome será reverenciado entre todas as nações. b. Em 3:1, o Senhor declara ser o “Anjo da aliança”, a quem buscavam. Mas, ao contrário da orgulhosa maneira de pensar dos israelitas, sua vinda será com julgamento para os perversos de Israel, a começar pelos filhos de Levi no templo. Sua primeira vinda ao templo em João 2:14-16 e Mateus 21:12 foi uma antecipação daquela futura vinda para purificar o povo e a terra. Aos que temem o seu nome, ele surgirá como o “Sol da Justiça”, e trará cura e grande alegria (4:2; Isaías 60:19). O mesmo “Sol” que queima os perversos (4:1) curará os que temem o seu nome. Com essa promessa de sol celestial para purificar e curar a nação ao destruir o perverso num dia futuro desconhecido, a voz profética silenciou. Os sombrios dias do período intertestamentário testaram sua fé na palavra profética dada pela lei e os profetas.

—– Retirado de: Stanley Ellisen – Conheça Melhor o Antigo Testamento.


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