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Cristologia nos Livros das Crônicas

CENÁRIO POLÍTICO

Quando os livros de Crônicas foram compilados, Judá já não era uma monarquia, e sim apenas um pequeno grupo de exilados que tinham voltado da Babilônia sob vassalagem do império persa. Os “tempos dos gentios” (Lucas 21:24) principiaram em 606 a.C., ocasião em que Israel começou a ser governado por nações gentias. Mas os judeus não deixaram de exercer influência sobre o império nessa época. Daniel chegara à posição de primeiro-ministro, tanto no Império Babilónico de Nabucodonosor como no Império Persa de Ciro (Daniel 2:6). Ester e Mordecai chegaram a ser, respectivamente, rainha e primeiro-ministro do império persa na época de Assuero, pai de Artaxerxes I Longímano, que reinou na época de Esdras. Eles exerceram grande influência no império a favor dos judeus.

CENÁRIO RELIGIOSO

Apesar de os acontecimentos de 2 Crônicas referirem-se à Era do Templo Salomônico, foram escritos na Era do Templo de Zorobabel (536-?). Esse novo templo tinha sido concluído mais ou menos oitenta e cinco anos antes, e o muro da cidade reconstruído recentemente. Porém, nada mais de relevante havia acontecido. A prometida era messiânica não se tinha materializado e estabelecia-se a estagnação religiosa. A volta às áridas colinas lembrava aos judeus a sua insignificância na grande área do império persa. A tendência era pôr de lado as promessas da aliança de um grande reino davídico na Palestina, como se tudo não passasse de mera fantasia religiosa de uma época já ultrapassada. A estagnação religiosa é evidente em todos os seis livros pós-exílio (Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias e Malaquias). Eles estavam provavelmente esperando que o Senhor instituísse rapidamente o reino messiânico logo após o retorno deles à pátria. Porém, parecia que o Senhor os tinha desapontado. Com a falta de perseverança e letargia espiritual, o povo precisava ser lembrado do programa e dos objetivos para Israel do ponto de vista divino, e de como Deus era soberano e fiel em toda a sua conduta. Esdras então compilou os livros de Crônicas com a finalidade de realçar a soberania de Deus sobre a nação e o interesse do Senhor na adoração adequada e na obediência, para que as bênçãos da aliança fossem recebidas (2 Crônicas 7:14).

PERSPECTIVA DIVINA

A apresentação de Crônicas não é uma repetição, mas um amplo estudo da história de Israel. Os livros enfatizam a soberania e o domínio de Deus sobre os interesses do seu povo, a fim de cumprir os seus propósitos, apesar dos impulsos humanos. Essa perspectiva divina está presente nos dois livros. Lemos constantemente; “Meu povo”, o “ungido do Senhor”, “arca”, “aliança”, “templo”, “ira”, “reino”, “olhos”, e até mesmo “o Senhor sentado em seu trono” (2 Crônicas 6:10-11; 1 Crônicas 11:2; 13:10, 12; 21:12). Colocados no final do cânon hebraico, eles terminam o Antigo Testamento contemplando do alto a nação da aliança divina.

“BUSCAR O SENHOR”

Essa admoestação, que ocorre com frequência em Salmos e Profetas, não é usada nos livros históricos de Samuel e de Reis. É, porém, enfatizada onze vezes em Crônicas. O perspicaz autor justapõe os dois conceitos fundamentais da soberania de Deus e da responsabilidade do homem no cumprimento dos propósitos divinos para o povo de Deus. O versículo-chave dos dois livros pode ser 2 Crônicas 7:14, que acentua a necessidade de arrependimento pessoal e de um coração voltado para Deus a fim de que as bênçãos da aliança possam ser cumpridas.

QUADROS GENEALÓGICOS (1 Crônicas 1-9). Esses são os clássicos capítulos genealógicos do Antigo Testamento. Dão importância especial às genealogias de Judá e Davi para traçar os direitos ao trono, e às genealogias de Levi e Arão para traçar os direitos sacerdotais. As fontes bíblicas fundamentais usadas para compilar a linhagem davídica foram: Gênesis 4; 5; 10; 11; 25; 35; 36; 46; Êxodo 1; 6; Ruth 4; 2 Samuel 3; 5; e 1 e 2 Reis. Outras fontes não existentes (além das registradas em Reis) são anotadas pelo cronista:

a. História de Semaías, o Profeta (2 Crônicas 12:15).
b. Obras de Ido, o Vidente (2 Crônicas 12:15).
c. História de Ido, o Profeta (2 Crônicas 13:22).
d. Crônicas de Jeú , filho de Hanani (2 Crônicas 20:34).
e. Atos de Uzias, por Isaías, o Profeta (2 Crônicas 26:22).
f. Livro da história dos reis (2 Crônicas 24:27).
g. História de Hozai (2 Crônicas 33:19).

PERIGO DA PROSPERIDADE

Os livros de Crônicas enfatizam o perigo de deixar Deus de lado em época de prosperidade ou poder. Observa-se tal coisa no declínio de Roboão (2 Crônicas 12:1), Asa (16:1-2), Josafá (18:1), Jeorão (21:3-4), Amazias (25:11-14), Uzias (26:16) e Ezequias (32:2325). Prosperidade e poder são bênçãos divinas, mas há o perigo de os alcançados por elas se afastarem de Deus.

CRISTOLOGIA EM CRÔNICAS

Além dos já registrados tipos de Cristo em Davi e Salomão, notam-se sugestões cristológicas nas linhas genealógicas de Davi, as quais também têm objetivo messiânico. Como esses livros terminam o Antigo Testamento hebraico, Mateus repete aquela genealogia no começo do Novo Testamento para demonstrar o direito de Jesus ao trono, quando o apresenta como Rei de Israel.

—– Retirado de: Stanley Ellisen – Conheça Melhor o Antigo Testamento.


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