CENÁRIO RELIGIOSO
- Internacionalmente, um novo clima religioso foi introduzido pelos persas. Os decretos de Ciro e Dario surgiram parcial; mente inspirados por sua fé religiosa. Esta não passava de uma mistura da visão tradicional de um panteão de deuses, e do zoroastrismo desenvolvido recentemente, com suas duas hierarquias: do bem e do mal. Como resultado dessa visão, eles fizeram o povo voltar à sua terra natal a fim de aplacar os deuses locais e promover a paz no império. Tal política resultou na volta de Israel à Palestina com os vasos do templo, e na reativação de seu sistema religioso.
2. Para muitos em Israel, o exílio na Babilônia produziu uma grande revolução espiritual. Embora houvesse uma deserção quase total na época do cativeiro, conforme registro de Jeremias e Ezequiel, o grupo que retornou à pátria em 537 era composto, em sua maioria, de piedosos judeus ansiosos por retornar à terra da aliança. Embora muitos tivessem preferido permanecer no fértil vale da Babilônia, um contingente de aproximadamente 50.000 homens (além de mulheres e crianças) aceitou o convite para enfrentar os reveses da volta a Judá, às cidades destruídas e colinas cobertas de vegetação. O estudo da Tora e dos profetas, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel, feito nas sinagogas, exerceu sem dúvida uma grande influência na inspiração dessa fé religiosa.
3. Foi esse um período de muito pensamento e convulsão religiosa e filosófica no mundo, o que pode ser comprovado pelos notáveis pensadores e pelos movimentos daquela época:
a. Sócrates (469, aproximadamente), Platão (427) e Aristóteles (384) muito contribuíram para o desenvolvimento do pensamento grego ou helenista, grande influenciador do mundo. b. Zoroastro (Zaratustra, 628-551), cujas ideias se espalharam rapidamente pelo mundo persa.
c. Buda (Gautama, 563-486) desenvolveu as “quatro nobres vontades” do budismo, rejeitando o antigo hinduísmo com as suas “castas”, ideia que se espalhou pela índia.
d. Confúcio (Kung Fu-tze, 551-479, aproximadamente) ensinou na China durante uma época de grande luta interna e rejeição de tradições religiosas. Essas atividades religiosas e o desassossego mundial enfatizam a importância da obra de Esdras para preservar a religião verdadeira dos patriarcas e profetas.
A HISTÓRIA DE ISRAEL PÓS-EXÍLIO
Moderadamente auxiliados pelos livros proféticos de Ageu e de Zacarias, os livros de Esdras e de Neemias narram a volta do cativeiro. Esdras descreve como a profecia de Jeremias 25:12 e 29:10 foi cumprida de duas maneiras:
1) Uma servidão de setenta anos desde o primeiro cativeiro, em 606, até a libertação e volta, em 536.
2) Uma sobreposição de setenta anos desde a destruição do templo, em 586, até o término do novo templo, em 516. Apesar de a servidão total ter durado apenas cinquenta anos, os setenta anos de vergonha são enfatizados tanto no cativeiro deles como no lugar de adoração.
O remanescente que voltou era quase todo ele de judeus, mas evidentemente representavam todo o Israel conforme surgere o seguinte:
1) O decreto de Ciro foi dado a todo o Israel, incluindo a dez tribos do norte levadas para a Assíria (Esdras 1:3).
2) As doze tribos são representadas pelos doze líderes (Neemias 7:7; Esdras 2:2).
3) Os doze bodes oferecidos na dedicação do templo eram para as doze tribos (Esdras 6:17; 8:35).
4) Enquanto se faz referência a “Judá” vinte e seis vezes em Esdras e em Neemias, o termo inclusivo “Israel” é usado mais de sessenta vezes, como se todas as tribos estivessem representadas.
CONFIRMAÇÕES DA PALAVRA PROFÉTICA
A grande ênfase de Esdras recaía sobre a “Palavra”, conforme se nota no Salmo 119 (atribuído a ele). De igual modo, o livro de Esdras começa com uma afirmação do cumprimento da palavra de Deus por intermédio de Jeremias, mas também alude ao cumprimento de Isaías 44:28. Mais de 150 anos antes, Isaías havia citado o nome de Ciro como aquele a quem o Senhor usaria para subjugar nações, libertar cativos, reconstruir o templo, e proclamar o nome de Yahweh “para que se saiba até ao nascente do sol e até ao poente” (Isaías 45:1,6). Este volta era um acontecimento auspicioso em Israel para o qual quatro dos principais profetavas olhavam com grande expectativa.
O IMPÉRIO PERSA NO PLANO DE DEUS
A história de Esdras e de Neemias começa com Ciro, o primeiro rei persa, e estende-se até Jadua, o sumo sacerdote, em 333, ano da destruição do império persa. Esse império foi o segundo dos reinados gentios das profecias de Daniel (Daniel 2:39; 7:5), os quais iriam disciplinar o povo de Israel ao governá-lo. A política da Pérsia, inteiramente radical acerca dos povos cativos, procurando repatriá-los e captar- -lhes a boa vontade em vez da servidão (conforme a Assíria e a Babilônia fizeram), enquadrou-se com perfeição no programa divino da restauração do seu povo. A boa vontade para com o povo de Israel continuou em todos os dias do Antigo Testamento, ajudada, evidentemente, por líderes como Daniel, Ester e Mordecai.
CRISTOLOGIA EM ESDRAS E EM NEEMIAS
As duas figuras dominantes, Zorobabel e Josué, são consideradas nos dois livros proféticos do período, Ageu e Zacarias, como prenúncio de Cristo, como o Rei-Sacerdote (Zacarias 6:12-13): “o homem cujo nome é RENOVO! …edificará o templo do Senhor, e será revestido de glória; assentar-se-á no seu trono e dominará, e será sacerdote no seu trono e reinará perfeita união entre ambos os ofícios.” Ageu retrata Zorobabel como o antítipo notável de Cristo que recebe de Deus “um anel de selar” ou autoridade para derrubar todos os reinos e governar as nações para Deus (Ageu 2:23). Zorobabel era também da linhagem messiânica (Mateus 1:12). Esdras e Neemias descrevem a grande necessidade dos remanescentes de terem um governador tal que liderasse e dirigisse o povo de Deus no meio da oposição crescente dos tempos pós-exílio.
—– Retirado de: Stanley Ellisen – Conheça Melhor o Antigo Testamento.
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- • Calendário Hebraico e Cálculo do Tempo
- • Estrutura Cronológica do Antigo Testamento
• A Autoria do Livro de Gênesis - • Antevisão de Cristo em Êxodo
- • Tipos de Cristo em Levítico
- • Tipos de Cristo em Números
- • Profecia Messiânica em Deuteronômio
- • Encontrando Jesus no livro de Josué
- • Cristo no livro dos Juízes
- • Cristologia no Livro de Rute
- • Cristologia nos Livros de Samuel
- • Cristologia nos Livros dos Reis
- • Cristologia nos Livros das Crônicas
- • Cristo nos livros de Esdras e Neemias
- • Cristologia no Livro de Ester
- • Cristologia no Livro de Jó
- • Cristo nos Salmos
- • Cristo nos Provérbios
- • Cristologia em Eclesiastes
- • Cristologia em Cantares de Salomão
- • Os Profetas de Israel
- • A Cristologia do Profeta Isaías
- • A Cristologia do Profeta Jeremias
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- • Cristologia no Profeta Ezequiel
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