OBJETIVO DO LIVRO DE MIQUÉIAS
O objetivo histórico do livro era enfatizar o peso da próxima ira divina sobre a nação, em virtude dos seus pecados de violência e injustiça social, enquanto fingiam ser religiosos. O objetivo adicional de Miquéias era lembrar-lhes da futura vinda do Messias, que surgiria de origem humilde para governar, com justiça e verdade, conforme promessa da aliança abraâmica.
ATERRORIZANTE DESCIDA DO SENHOR À TERRA (1:3-4)
Miquéias principia apresentando uma das mais tremendas descrições do Senhor: sua descida à terra com terrível ira. Do mesmo modo que Jonas, Miquéias proclama o julgamento de Deus antes de declarar sua misericórdia perdoadora. Na realidade, os três livros seguintes seguem o mesmo tema do Senhor vindo como um guerreiro poderoso que faz “os montes” tremerem (Naum 1:2-6), “os outeiros eternos” se abaterem (Habacuque 3:6) e toda “a terra” ser consumida (Sofonias 1:18). Isaías também apresenta esse terrível quadro nos capítulos 24 e 63, quando descreve as devastações do Dia do Senhor. Os profetas viram o pecado do homem significando nada menos do que uma redução catastrófica da terra ao caos (Jeremias 4:23-26). Miquéias apresenta esse quadro do Senhor a fim de enfatizar a grande ira divina contra aqueles que praticam violência e injustiça para com os pobres. Tirar proveito dos pobres, adverte ele, é incorrer na ira do Todo-poderoso (Deuteronômio 15:10; Salmos 109:31; 140:12; Provérbios 14:31; 19:17).
PROFETA DO HOMEM POBRE
Miquéias é conhecido como o profeta do homem comum. Tendo ele mesmo vindo de berço humilde, conhecia as más condições dos pobres e tomou para si sua causa contra os vorazes líderes da nação que visavam a seus próprios interesses (3:1-3). Em todo o livro, Miquéias denuncia a opressão do fraco, o suborno entre os líderes, o ato de expulsar mulheres dos seus lares e prática de toda espécie de roubo, grande parte dele em nome da religião (2:1-2, 8-11; 3:1-3, 9-11; 6:10-12; 7:1-6). Embora não isente o pobre apenas pela sua pobreza, ele condena intrepidamente as classes superiores por sangrarem os pobres e indefesos. Ao descrever a esperança da restauração, Miquéias surpreende a nação com o anúncio de que o futuro “governador de Israel”, o Messias, virá da pequena e insignificante cidade de Belém, ao invés da opulenta capital Jerusalém (5:2-4). Apresenta-o na condição de um “Pastor”, como o era Davi. Todavia, será maior do que Davi, e “engrandecido até aos confins da terra” (5:4). Miquéias foi o último profeta a mencionar Belém no Antigo Testamento. Concentrou, porém, a atenção da nação sobre a pequena cidade por mais de 700 anos.
O EVANGELHO DE JUSTIÇA SOCIAL DE MIQUÉIAS (6:6-8)
No Antigo Testamento, não se encontra um resumo da Lei mais simples e mais profundo do que o de Miquéias 6:6-8. Suas exigências são simples e sem rodeios: praticar a justiça, amar a bondade demonstrando-a, e andar humildemente com Deus. Do mesmo modo que Jesus resumiu a Lei como “amor” para os insensíveis líderes do seu tempo, Miquéias resumiu-a como justiça, misericórdia e modéstia para um povo completamente desprovido dessas qualidades, embora muitíssimo ocupado com religião (3:11). Os “milhares de carneiros” e “dez mil ribeiros de azeite” (6:7) não podiam subornar Deus a fechar seus olhos à ausência de justiça e misericórdia entre os homens. 4
TOTAL DEPRAVAÇÃO DE ISRAEL (7:2-6)
À semelhança de Isaías (1:5-6 e 57:1), Miquéias observou que Israel tinha chegado a uma situação em que se podia muito bem afirmar: “não há entre os homens um que seja reto” (7:2). Eram todos iníquos e só cuidavam dos seus próprios interesses naquela sociedade idólatra. Tendo-se afastado da verdade divina, estavam colhendo os efeitos sociais de “os inimigos do homem são os da sua própria casa”, incluindo esposa, filhos e pais (7:5-6). Jesus citou esse texto de Miquéias em Mateus 10:21, 35 para mostrar que a rejeição da verdade que ele estava pregando no seu tempo traria aquela mesma condição de castigo do tempo de Oséias. Paulo também se refere a isso em Romanos 1:28-32, mencionando que a depravação social está sempre ligada à rejeição da verdade.
CRISTOLOGIA EM MIQUÉIAS (4:1-8; 5:2-5)
Dois textos de Miquéias falam do reino do Messias e de sua vinda. Nos “últimos dias”, ele reinará no monte Sião, onde prevalecerão a verdade, a justiça, a prosperidade e a paz. Ali os coxos, os expulsos e os aflitos estarão reunidos a fim de formar o núcleo da sua “poderosa nação” (4:1- 7). Em 5:2, entretanto, Miquéias revela que esse reino não começará ostentando grandeza, pois o próprio Messias nascerá na pequena vila de Belém, lugar de criação de carneiros. Ele, que é eterno, virá de Deus como Pastor de Israel. Mas antes que o Messias se torne grande até os confins da terra, a nação será abandonada pelo Senhor por um tempo, no fim do qual ele surgirá para pastorear o seu povo com grande majestade (5:3-4).
—– Retirado de: Stanley Ellisen – Conheça Melhor o Antigo Testamento.
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- • Introdução ao Pentateuco
- • Calendário Hebraico e Cálculo do Tempo
- • Estrutura Cronológica do Antigo Testamento
• A Autoria do Livro de Gênesis - • Antevisão de Cristo em Êxodo
- • Tipos de Cristo em Levítico
- • Tipos de Cristo em Números
- • Profecia Messiânica em Deuteronômio
- • Encontrando Jesus no livro de Josué
- • Cristo no livro dos Juízes
- • Cristologia no Livro de Rute
- • Cristologia nos Livros de Samuel
- • Cristologia nos Livros dos Reis
- • Cristologia nos Livros das Crônicas
- • Cristo nos livros de Esdras e Neemias
- • Cristologia no Livro de Ester
- • Cristologia no Livro de Jó
- • Cristo nos Salmos
- • Cristo nos Provérbios
- • Cristologia em Eclesiastes
- • Cristologia em Cantares de Salomão
- • Os Profetas de Israel
- • A Cristologia do Profeta Isaías
- • A Cristologia do Profeta Jeremias
- • Cristologia em Lamentações
- • Cristologia no Profeta Ezequiel
- • Cristologia no Profeta Daniel
- • Cristologia em Oseias
- • Cristologia em Joel
- • Cristologia em Amós
- • Cristologia em Jonas
- • Cristologia em Miquéias
- • Cristologia em Naum
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