Noé e sua família receberam livramento da morte, e a linhagem santa prosseguiu com os descendentes de Sem, e a terra se encheu novamente.
Agora o Senhor chama a Abraão (Gn 12.1) e a partir daqui tudo fica mais claro. O Senhor promete a Abraão que ele será pai de multidões e que por meio dele seriam benditas todas as nações da terra (Gn 12.2-3). Abraão parte para seu exílio e, na sua velhice, tem um filho, Isaque, que herdaria a promessa (Gn 21.5). Mas algo inusitado acontece: o Senhor pede que Abraão sacrifique Isaque (Gn 22.2) e surge aqui um dilema mais cruel das Escrituras: como Deus prometera que Abraão teria um filho de onde sairia sua descendência e agora estava pedindo que esse fosse sacrificado? Abraão não tem dúvidas, ele obedeceria.
A questão parece difícil, mas Deus tinha um propósito muito superior ao de “testar” a fidelidade de Abraão. Momentos antes de Isaque ser sacrificado, o Anjo do Senhor o impede (Gn 22.11). E imediatamente é avistado um carneiro; que foi sacrificado no lugar de Isaque (Gn 22.13). O evento tanto moldou o coração de Abraão quanto, mais uma vez, prenunciou aquilo que Deus havia planejado para livrar seu povo do salário do pecado – o maior evento da história!
De Isaque nasceram Esaú e Jacó (Gn 25.25-26). A promessa já havia sido feita: o mais velho [Esaú] serviria o mais moço [Jacó] (Gn 22.23). De Jacó que surgem as doze tribos. Dos filhos de Jacó, temos o mais conhecido deles que foi José – que foi vendido por seus irmãos como escravo e foi para o Egito (Gn 37.28). José sofreu muitas acusações falsas e passou boa parte de sua vida preso. No tempo oportuno o Senhor deu um sonho a Faraó, e José foi chamado para interpretar este sonho (Gn 41.14). A conclusão era que na terra haveria um período de bonança, mas cessado este período viria grande fome sobre a terra (Gn 41.29-30). O fiel José foi promovido (Gn 41.40). Aquele que era escravo, preso sob falsa acusação, passou a ser um dos homens mais importantes do Egito.
A fome avassaladora alcança a família de Jacó, mas Deus já havia preparado o livramento; o exílio recomeça! Ainda que não fossem nada merecedores e não pudessem sustentar a Aliança feita entre Deus e seus pais, Deus havia preparado uma maneira de cumprir sua parte e também a deles!
A família sobe para o Egito em busca de alimentos e, chegando lá, quando os irmãos de José veem que está vivo, temem que José se vingue. Mas José foi como uma sombra de Cristo, o misericordioso que trouxe salvação e perdão! José sabia que, através de seus irmãos, o próprio Deus o havia enviado ao Egito para que o povo fosse livrado e a linhagem de Judá fosse preservada (Gn 45.7).
Todos estes eventos registrados nas Escrituras nos conduzem a Cristo. A pele de animal que cobriu Adão e Eva de sua nudez apontava para algo superior; Cristo verdadeiramente cobre nossa vergonha, nudez, pecado! Seu sangue nos lava e purifica de toda injustiça. A arca surge como símbolo de salvação; a morte é anunciada por meio do dilúvio, mas da arca vem o livramento. Enquanto todos que não têm Cristo perecerão, aqueles que estão em Cristo viverão! O carneirinho substituindo Isaque aparece como de fato aconteceu para nossa salvação: um inocente morrendo no nosso lugar! Claro que sangue de animal algum teria poder para remir de pecados, mas naquele momento ele prefigurava algo maior. Com Jacó aprendemos que o Senhor preserva o seu povo, ainda que por meios que não possamos entender. A esperança permanece viva até hoje. Veremos como isso é revelado progressivamente no decorrer da história de Israel nos próximos capítulos.
Ao Senhor pertence a salvação!
– Felipe Moura
— Este texto é a 3ª parte da Série A Páscoa & o Evangelho. Confira a série completa AQUI.