Há algumas verdades realmente fundamentais e muito importantes para a fé cristã, mas que não podem ser confundidas com o próprio evangelho em si. Se cremos no evangelho, provavelmente também creiamos nesses aspectos, mas eles não são o foco de nossa confiança como é a obra salvadora de Jesus. Não os pregamos aos não crentes como centro de nossa mensagem.
Primeiro, há a obra distinta de Deus Pai. A Bíblia nos diz que Deus não é dividido; ele é um. Assim, Pai, Filho e Espírito Santo estão envolvidos em todos os aspectos da obra de Deus. Mas a natureza trina do Deus único implica que cada uma das três pessoas tem papéis distintos, mesmo que as outras duas estejam envolvidas. O Pai, ao que tudo indica, é a pessoa que elege, gera e envia o Filho ao mundo. Pregar a obra do Pai, mesmo que seja “… Deus amou tanto o mundo…”, de João 3.16, não é pregar o evangelho, a não ser que apresentemos os fatos sobre a pessoa e a obra do Filho.
Em segundo lugar, há a obra distinta do Espírito Santo. Ele concede a fé e o novo nascimento, dá testemunho de Cristo ao nosso coração, habita os que são de Deus e os santifica. Todas essas obras de Deus são boas e necessárias e não existem sem o evangelho. Contudo, temos de distingui-las do evangelho. Elas são as consequências, ou frutos, da obra do evangelho de Jesus.
Em terceiro lugar, assinalamos que o que eu faço ou você faz em resposta ao evangelho não é em si o evangelho. Não se pode dizer que arrependimento e fé são o evangelho. Arrependimento e fé são as respostas que o Espírito Santo nos capacita a ter em relação ao evangelho. Se você disser aos não crentes que eles devem confiar em Cristo, crer nas boasnovas e confessar seus pecados, essas coisas são certamente verdadeiras, mas elas não são o evangelho. Temos de lhes dizer no que devem crer e confiar a respeito de Cristo, o que são as boas-novas para que eles creiam nelas e por que os pecados têm de ser confessados.
O Novo Testamento ressalta a pessoa histórica de Cristo e o que ele fez para nos permitir, mediante a fé, ser amigos de Deus. O Novo Testamento também o destaca como aquele que sintetiza todas as promessas e expectativas do Antigo Testamento e que as leva ao devido apogeu e cumprimento. Aqui existe uma ordem de prioridade que temos de levar em conta para entender a Bíblia corretamente. É o evento do evangelho que produz fé no povo de Deus, e o evangelho motivará, dirigirá, modelará e capacitará a vida da comunidade cristã. Por isso, começamos pelo evangelho e caminhamos para o entendimento da vida cristã e do alvo final para o qual nos dirigimos.
Novamente, começamos pelo evangelho e voltamos ao Antigo Testamento para entender o que está por trás da pessoa e da obra de Cristo. O Antigo Testamento não é completamente suplantado pelo evangelho, pois isso o tornaria irrelevante para nós. Ele nos ajuda a entender o evangelho nos mostrando as origens e o significado dos vários conceitos e palavras especiais empregados para falar de Cristo e de suas obras no Novo Testamento. Contudo, também reconhecemos que Cristo é a palavra mais plena e final de Deus à humanidade. Como tal, Cristo nos revela o significado final do Antigo Testamento.
—- Retirado de Graeme Goldsworthy – Introdução à teologia bíblica
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