A proveniência do relato de Obadias, como a de Joel, não é clara, mas parece mais bem entendido no contexto do exílio.17 O profeta estava concentrado em seu objetivo de se dirigir à nação de Edom com a advertência de julgamento iminente. Edom, como nação irmã de Israel, poderia ter desfrutado dos privilégios especiais associados a esse relacionamento, mas sua história de hostilidade em relação ao povo da aliança indicava algo distinto. Edom não só deveria ser punida por seu comportamento fratricida, mas o próprio nome Edom se tornaria quase uma palavra-código para todas as nações que permanecessem em rebelião contra o Senhor e os objetivos de seu Reino.
O pecado de Edom foi a “violenta matança que você fez contra o seu irmão Jacó” (v. 10), uma colaboração com os invasores que derrubaram Jerusalém e levaram seus tesouros (w. 11,13). Edom, em vez de vir em auxílio de Judá, regozijou-se com sua desventura e até mesmo ajudou os refugiados dos exércitos inimigos (v. 14). Edom achava que podia escapar impune por causa de sua localização segura e quase inexpugnável nas fendas da rocha (w. 3,4). Isso produziu um espírito de arrogante orgulho, atitude que desafiava não só as tentativas de revide dos homens, mas desafiava até mesmo a capacidade do Senhor de executar justiça. No entanto, essa subestimação do poder do Senhor seria fatal e levaria à eliminação eterna de Edom (v. 10).
O dia do ajuste de contas seria o dia do Senhor, o tempo escatológico no qual os erros seriam consertados (v. 15). Edom e todas as nações perversas seriam punidas, mas Israel, ao contrário, seria salva e, além disso, tornar-se-ia instrumento de julgamento do Senhor (w. 17,18). Assim, Edom e as outras nações rebeldes tornar-se-iam lugar de habitação de Israel. Por fim, seria estabelecido mais uma vez o governo de Jerusalém, a capital do Reino do Senhor (v. 21).
—- Retirado de: Eugene Merrill – Teologia do Antigo Testamento