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“Não julgueis” – O mimimi desta geração

Vivemos num período em que a verdade absoluta e objetiva de Deus não é mais defendida por grande parte dos cristãos. Antes, muitos interpretam os textos bíblicos à sua maneira. Não leem a Bíblia para conhecer qual é a vontade de Deus, mas para suprir alguma necessidade temporal. Há quem diga: “Essa passagem falou comigo; tocou-me”, quando na verdade se entendeu o que quis, e não o que o texto diz. Geralmente chegam a conclusões absurdas! Leem a Bíblia para satisfação própria, não para se corrigirem e se adequarem aos princípios bíblicos.
Alguns movimentos mais carismáticos no meio evangélico apropriaram-se de práticas mundanas, contrárias ao ensino bíblico. Por meio do uso de objetos, manipulam a crença das pessoas – não posso nem dizer que é Fé, porque a definição bíblica de Fé (quando se refere à salvação por meio desta) nos conduz a confiar de todo o coração naquele que pode nos salvar.
Essas pessoas que abandonaram a verdade acabam se apropriando de uma filosofia de vida moderna, sem padrões bíblicos. São pessoas que se enganam a si mesmas com discursos inapropriados, sem fundamento bíblico. E falo daqueles que tornaram um ensino bíblico em jargão para defender qualquer prática e ensino que não sejam bíblicos.
Passou a existir, na maioria dos cristãos, um aparente sentimento de compaixão pelo próximo, porém, em detrimento do amor à verdade de Deus. Optar pela omissão da denúncia de um erro é cooperar para a sua propagação. Não defender a verdade bíblica acima de tudo é prejudicial aos outros cristãos que estão no erro – que compaixão é essa? Afinal, se estão sendo instruídos da maneira errada, certamente não crescerão na fé, e talvez jamais se firmem na rocha.
Você não compreende seu papel como cristão? Você pensa que manter sua aparente ética é melhor do que defender a verdade? Se você não diz a verdade quando deveria dizer, permitindo que outros sejam enganados, e provavelmente nem sequer sente alguma tristeza ao ver tantas ovelhas sendo pastoreadas por lobos, então você não tem ética. Entretanto, nem sempre são os lobos os culpados por toda essa degradação evangélica; cada um tem sua responsabilidade, especialmente em relação àquilo que creem.
Se cada indivíduo pode afirmar que aquilo em que acredita é a verdade, então a verdade já não é uma só; já não há verdade. Pois, desta forma, eu e você poderíamos ter conclusões diferentes acerca de um assunto, e afirmaríamos que estamos com a verdade, sendo que nós dizemos coisas totalmente diferentes. Com certeza já dissemos algo como: “Essa é a minha opinião”, e são pensamentos como esses, – de ter uma verdade própria, pensando que não há mentiras ou que ninguém esteja certo além de você mesmo –, que impedem o crescimento dos cristãos por meio da verdade de Deus. É necessário que cada cristão entenda que não há várias verdades; o ensino bíblico não é relativo, nem confuso. Definir a verdade como aquilo que me faz sentir bem, não é correto. Ainda que seja desagradável, a verdade não pode deixar de ser verdade, pois não depende dos meus sentimentos. Se há várias verdades, qual a razão do cristão continuar acreditando que o ensino de outras religiões está errado?
O misticismo evangélico cresceu e muito, mas é um misticismo unilateral, moralmente infame, pois a verdade se torna subjetiva, ou seja, conduz o crente a acreditar que o erro é a verdade. A verdade da salvação já não tem mais vez em várias igrejas. Ainda que estas igrejas falem de Jesus, não o apresentam como descrito nas escrituras; criam um discurso parecido com o de políticos oportunistas. Apresentam um Cristo que não salva. Ainda que digam em meio aos seus sermões: “Jesus Salva”, todo o resto dos seus discursos aponta para um Senhor que não é Senhor, mas servo; que irá atender os anseios de todos aqueles que pedirem em seu nome. Como disse Abraham Kuyper:
“O misticismo é doce e as obras cristãs são preciosas, mas a semente da Igreja, tanto no nascimento do Cristianismo como na época da Reforma, foi o sangue dos mártires; e nossos santos mártires não derramaram seu sangue pelo misticismo nem por projetos filantrópicos, mas por causa de convicções que dizem respeito a aceitação da verdade e a rejeição do erro.”
Posso até encaixar uma frase de Marcos Almeida: “É que o sagrado se tornou hilário”. Já não há seriedade em defender a verdade; nem de pregar a Cristo crucificado – o que de fato, para esses evangélicos, tornou-se loucura.
E como cresce o número de homens (até mulheres) que se dizem profetas de Deus; indivíduos que atribuem a si uma autoridade que jamais lhes foi concedida pelo Senhor. Falam em nome de Deus, como se Deus estivesse dizendo por meio da boca deles (era assim com os profetas de verdade). Profecias e mais profecias que se perdem na exaltação do ego humano; determinações de homens que não conseguem controlar a própria língua. Pensam que sua palavra, dita com ênfase, às vezes até com mudança na entoação, tem poder de mudar algo no futuro. É evidente nas escrituras – basta examiná-la com seriedade – que nenhuma profecia verdadeira pode partir do homem, antes, é de inspiração divina. As profecias da parte de Deus nem sempre eram em relação a algum acontecimento futuro, mas de fato se cumpriam, porque Deus não é mentiroso.
O que dizer daqueles pastores, ou seja lá o que forem, que prometem curas? Na televisão se vê muito isso. Tantas pessoas indo a um templo em busca de satisfação própria, dispostas a entregar o que for preciso em troca de um milagre. Criticam a idolatria, mas depositam a “fé” em objetos, em homens, não em Deus. Na verdade, para estes, Deus é apenas “o que pode curar”; nada além disso. Se dizem cristãos, mas não temem a Deus. Querem os benefícios de Deus, mas não estão dispostos a perder tudo por amor ao Senhor. Verdadeiramente, o deus deste século tem cegado o entendimento; tantos outros já têm a mente cauterizada.
Deus pode sim curar aquela doença que é impossível para a medicina; Ele é Todo-Poderoso! Mas não é sobre isso que estamos falando. Em meio a tanto misticismo, a Verdade tornou-se desconhecida para muitos. E sabemos bem o que acontece com um povo sem conhecimento real da vontade de Deus. E como conhecer a vontade de Deus, e quem Deus é senão por meio das escrituras? Existe outra fonte mais confiável do que a própria palavra de Deus? Quem Deus é não pode ser definido por intuições humanas; aquilo que podemos e precisamos saber acerca de Deus, Ele mesmo revelou para nós em sua palavra.
Quando um indivíduo fundamenta seu conhecimento acerca de Deus, com base em suas próprias intuições, e não na palavra, torna-se um iludido – engana-se a si mesmo. Essa é a máxima do misticismo evangélico que tem tomado de conta da maioria das igrejas no Brasil. Não podemos nos apegar a promessas de homens que se denominam profetas, mas devemos nos apegar firmemente à palavra da verdade, por meio da qual poderemos convencer os que se contradizem (Tito 1.9).
As escrituras revelam tudo que precisamos saber a respeito da salvação. Calar-se diante de tantas aberrações é como esconder a salvação do perdido. Enquanto muitos estão sendo enganados por falsos mestres, os que buscam defender a verdade são taxados como intolerantes. Se você realmente entende qual a necessidade de todas as pessoas, não deixaria de dizer a verdade.
Você pode até pensar que Deus não se agrada que se duvide destes homens; talvez o medo de que eles estejam certos te faça ficar calado. O próprio Cristo elogiou os cristãos de Éfeso, pois não suportavam homens maus, e puseram à prova aqueles que se declaravam a si mesmos apóstolos, e não eram, comprovando que eram mentirosos (Ap 2.2). E como se consegue pôr esses falsos mestres à prova? A resposta já foi dita várias vezes. É com base naquilo que a bíblia ensina que podemos descobrir se esses homens seguem ou não a Cristo; e se não seguem a Cristo, não podemos dar ouvidos a eles.
Todos nós precisamos da verdade. É a verdade que liberta os homens da opressão do pecado. E Cristo é a verdade. E temos visto que Cristo não é uma verdade definida por cada indivíduo. Não há possibilidade de que o que Cristo disse seja verdade para mim e não para você. A verdade é uma só. As escrituras não têm várias interpretações sobre um mesmo texto. Isso seria perigoso demais; não haveria certeza sobre nada do que aprendemos na bíblia. Mas podemos descansar, na certeza de que existe verdade, e que esta é uma só. Podemos ter certeza de que o que Deus prometeu para os seus filhos, de fato ele cumprirá; que as bênçãos da salvação, conquistada por Cristo, de fato são verdadeiras; somos livres da culpa do pecado porque fomos declarados justos, e somos livres do poder do pecado porque o Espírito Santo habita em nós, operando e efetuando uma obra de santificação, e que um dia seremos totalmente livres do pecado, porquanto Deus mesmo nos glorificará.
– Felipe Moura

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