Como o nome indica, é um livro estritamente sobre princípios de exegese e interpretação do texto bíblico. Visto que saber ler e interpretar a Bíblia é fundamental para um cristão, o livro pode servir para trazer de volta a nós um movimento protestante em torno do interesse da correta interpretação das Escrituras.
Este, possivelmente, é o livro mais organizado a respeito da interpretação da Bíblia. Ele traz todos os temas que geralmente são tratados exclusivamente em outros livros da área, e vai direto ao ponto em todos eles.
O autor trabalha o livro pensando nestas questões: (1) Há um significado original nos textos bíblicos? (2) Como esse significado pode ser traduzido para os dias de hoje? (3) De que forma isso influencia a pregação?
A ideia central (que seria a “inovação” – e de fato é) deste livro, ideia esta que dá o nome à obra (“espiral”) pode ser resumida mais ou menos assim: o autor apresenta caminhos e ferramentas de interpretação que nos ajudam a, por assim dizer, “rodear” ou “cercar” o texto, chegando cada vez mais perto do seu sentido correto (aqui, estou incluindo o que ele mesmo chama de significado e significação: o que significou para o público original e o que deve significar para nós, à luz de toda a Revelação).
Contudo, o livro não tem como alvo principal iniciantes no assunto, apesar de ter uma linguagem bem acessível e de uma boa parte do seu conteúdo não ser técnica, e sim instrutiva. Ou seja, qualquer cristão pode se beneficiar (e muito) da leitura, apesar de não ser um livro voltado para o público geral. Sugiro que se você não tem nenhuma proximidade com o grego bíblico, que apenas pule as pequeníssimas (quase irrisórias) partes muito técnicas se achar difícil demais.
O livro trata com bastante clareza e de forma muito didática sobre como entender a gramática do texto é crucial para a interpretação do texto e também qual o papel do contexto histórico (como podemos descobri-lo e utilizá-lo, qual é o limite de aplicação, etc.). Ele explica como identificar a intenção dos autores a partir de cada um dos blocos literários da Bíblia, demonstrando as características principais que diferencial os gêneros (narrativa, poesia, sabedoria, profecia, etc.).
Na parte 3 do livro, indo para a hermenêutica aplicada, ele trata da Teologia Bíblica ponto a ponto, colocando-a ao lado de cada uma das áreas da Teologia: exegese, teologia histórica, sistemática e homilética. Fala também da história da tradição, o cânon, várias metodologias diferentes (método sintético, analítico, diacrônico, confessional, narrativo, etc.) e encerra o bloco com uma vasta instrução para a homilética.
O livro tem dois grandes apêndices que lidam com problemas atuais acerca da interpretação de texto pós-moderna que também valem a pena de serem lidos.