Por Pedro Dulci
É possível observar o empobrecimento que a fé cristã experimenta na contemporaneidade de diversas formas. Uma delas é o arrepio que a palavra “meditação” traz quando é associada às práticas de espiritualidade de um discípulo de Jesus.
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Por um lado, existem aqueles que tem pavor da prática meditativa, por soar como uma prática religiosa muito oriental. Com medo de serem confundidos com budistas ou simpatizantes da nova era, cristãos sempre negam qualquer valor que a meditação pode trazer.
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Em outros casos, existe uma assimilação cultural tão grande por parte de alguns cristãos, que a estética oriental que envolve o termo “meditação” são usadas para transmitir um sinal de grande “evolução espiritual” — posando em posição de lótus na rede social.
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No fundo, ambos simplesmente não sabem o que a Bíblia ensina sobre meditação. Existe um padrão bíblico, transmitido pelo próprio Deus, sobre como seu povo deveria lidar diariamente com a Bíblia. No centro dessa orientação estava o mandamento de “meditar” na Palavra — algo muito distante das práticas devocionais superficiais e apressadas de livrinhos de oração diária.
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Diferentemente da versão “budista light” que recebemos, a meditação é apresentada nas Escrituras como uma disciplina espiritual de adoração a Deus. Em lugar de uma rota de fuga e esvaziamento do indivíduo, trata-se de um processo de atenção à Palavra enquanto ela o preenche e lhe ensina.
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Em poucas palavras, em lugar de esvaziar a mente, a meditação bíblica é um convite a dirigirmos nosso pensamento pelas rotas da Palavra de Deus.
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O texto mais emblemático para esse mandamento divino é o de Josué 1.1-9, em que o próprio Deus orienta ao novo líder do povo de Israel sobre como ele deverá proceder de agora em diante. A meditação na Palavra de Deus estava no centro. Ela que forneceria as condições dele fazer tudo conforme a lei de Moisés, conduzir o povo prudentemente, fazer seu caminho próspero e bem sucedido.
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Nós nunca experimentaremos a transformação de vida que o Evangelho promete enquanto nossos momentos de devoção a Deus não forem marcados por regularidade (“dia e noite”), caráter altamente reflexivo (“medita nele”), com vistas à prática da Palavra pela obediência (“tenha cuidado de fazer tudo quanto nele está escrito”) e em um ritmo constante e disciplinado (“não cesses de falar deste Livro da Lei”).