Por Pedro Dulci
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Muita gente que quer defender a inspiração e a inerrância da Bíblia acaba adotando explicações sobre a origem do texto sagrado como se Deus tivesse ditado mecanicamente cada palavra para os escritores bíblicos.
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Eu não creio em psicografia. Quem quer defender a origem divina das Escrituras às custas dos processos humanos que o próprio Deus utilizou para se revelar, não entende nada sobre o drama das Escrituras.
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É justamente porque a Bíblia foi escrita por seres humanos limitados e falhos como eu e você que eu creio que ela é a Palavra de Deus inerrante e infalível!
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Para concordar comigo não é necessário abraçar um paradoxo ao estilo kierkegaardiano. Basta não ignorar o próprio conteúdo essencial das Escrituras. Benjamin Warfield, de maneira bela, nos ensinou que a revelação de Deus não é distorcida pela passagem por canais humanos, assim como a luz do Sol não é distorcida ao passar pelos belos virtuais de nossas igrejas.
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Não existe contradição entre a revelação divina e o registro humano. As páginas do Antigo e Novo Testamento nos apresentam um Deus que está soberanamente no controle da história. Isso também inclui a vida e formação de cada homem e mulher que usou para registrar as páginas da Bíblia.
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A preparação de tudo o que ocorreu na vida dos autores bíblicos, cada experiência pessoal, cada novo vocabulário foi cuidadosamente utilizado por Deus para nos ensinar quem ele é e o que ele quer. São expressões autênticas de cada pessoa envolvida — eram as suas formas de conversar diariamente.
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Deus vê beleza e dá importância para a trajetória em que estamos inseridos. Isso porque foi ele mesmo que traçou esse caminho. Sempre foi assim com cada membro do povo de Deus. E não seria diferente com os escritores bíblicos. O produto final de cada texto sagrado porque foi exatamente aquilo que Deus queria.
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Walter Kaiser Jr. tem uma expressão maravilhosa para resumir esse ensino sobre a inspiração bíblica: “tendo em vista que Deus acompanhou cada escritor de forma que houvesse uma assimilação viva da verdade – e não um ditado mecânico das palavras, como se Deus as tivesse sussurrado no ouvido dos escritores que, com movimentos involuntários da mão, as escreviam automaticamente”.
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Assimilação viva da verdade. A inspiração das Escrituras é o resultado de um processo dinâmico de Deus fazer com que cada experiência pessoal dos autores bíblicos cooperasse para o bem final que ele tinha para nós.
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Da mesma forma a iluminação divina a partir das Escrituras também é, ainda hoje, uma possibilidade de assimilação viva da verdade para todos aqueles que conhecem e obedecem a Palavra de Deus.
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Todas as vezes que estiver diante de sua Bíblia faça a leitura como quem está diante do próprio Deus falando, através do vocabulário e das experiências pessoais de muitos homens e mulheres que caminharam com Deus e experimentaram sua boa, perfeita e agradável vontade — que está à sua disposição também!
EU NÃO CREIO EM PSICOGRAFIA!

