Quando Jesus e Paulo ensinaram que nós não devemos, em nenhuma situação, praguejar ou amaldiçoar o próximo, eles estavam falando mais a respeito do que isso faz com nosso coração do que com o corpo do próximo. Leia as passagens:
- “Bendizei aos que vos maldizem, orai pelos que vos caluniam” (Lucas 6:28).
- “Abençoai os que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis” (Romanos 12:14).
Foi, obviamente, uma outra maneira de dizer “não deseje o mal, mas ame o próximo como a você mesmo”. No entanto, são muitos os evangélicos que adoram pensar que suas palavras são armas espirituais que podem causar estrago em seus “inimigos”, caso esses os irritem ou prejudiquem.
Aliás, são muitos também os pastores que ensinam assim – talvez apenas para intimidar, talvez por ignorância – e sentem-se intocáveis. Mas como vimos, essas passagens nenhuma relação têm com isso e, ao contrário, explicam que a postura de um verdadeiro cristão é oposta a essa.
Na verdade, as únicas palavras que podem abençoar ou amaldiçoar de forma literal são as que procedem da boca do próprio Deus – não as nossas.
Nossas palavras não abençoam. Nossas palavras não têm poder, não são mágicas.
Aí vem a pergunta: então, por que oramos pelos outros?
Nós não oramos porque as palavras têm poder, e muito menos por causa de algum poder nosso.
Você não tem poder pra abençoar. Orar não é decretar bênção, é pedir suplicante e humildemente que Deus use seu poder para, Ele sim, abençoar.
Outra pergunta:
A Bíblia não diz que há pessoas que com sua boca abençoam e outras que amaldiçoam?
Resposta: Sim, mas não tem o significado mágico que muitos imaginam e que, por isso, morrem de medo de frases “negativa” ou, pior ainda: medo de líderes religiosos ficarem zangados. Ué, como assim? Explico.
O significado bíblico de amaldiçoar ou abençoar, quando se refere a uma pessoa, é um pouco diferente desse que usamos hoje popularmente quando pensamos nessas duas palavras. Está mais para “as palavras podem maldizer ou bendizer“. Poder sobrenatural mesmo elas não têm. Mas e a oração?
Nós temos uma “autoridade” em oração, dada por Deus, que é bem entre aspas mesmo, pois não tem o sentido que todos gostariam. Quem tem autoridade é o próprio Deus, não nós. Ele manda, nós obedecemos. Se Ele manda que nós façamos orações uns pelos outros, nós fazemos.
Oração funciona justamente por ser um meio de graça que Deus escolheu. 🙂
“Não planejem no íntimo o mal contra o seu próximo e não queiram jurar com falsidade. Porque eu odeio todas essas coisas”, declara o Senhor” (Zacarias 8:17).
“Não se alegre quando o seu inimigo cair, nem exulte o seu coração quando ele tropeçar, para que o Senhor não veja isso e se desagrade e desvie dele a sua ira” (Provérbios 24:17, 18).
“Mas eu digo que, no dia do juízo, os homens haverão de dar conta de toda palavra inútil que tiverem falado. Pois por suas palavras vocês serão absolvidos, e por suas palavras serão condenados” (Mateus 12:36, 37).
– Lucas Rosalem