Questionamentos sobre a Devoção Mariana no Catolicismo
Olá, amigo católico. Gostaria de compartilhar algumas reflexões sobre certos ensinamentos presentes em obras de santos católicos muito respeitados pela Igreja. Não se trata de atacar a fé de ninguém, mas de examinar se estes ensinamentos estão alinhados com as Escrituras.
Questões sobre Santo Afonso de Ligório (Livro “As Glórias de Maria”)
Sobre a mediação:
Santo Afonso escreve que existe uma visão onde duas escadas levam ao céu — uma vermelha com Jesus e outra branca com Maria. Aqueles que tentavam subir pela escada de Jesus caíam repetidamente, mas os que subiam pela escada de Maria chegavam ao paraíso com segurança, pois ela lhes dava a mão.
— Como conciliar isso com João 14:6, onde Jesus diz: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”? Ou então: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28).
Na Bíblia, o nosso único livro sagrado, inerrante, nunca há qualquer exceção a essa regra, muito menos qualquer verso ambíguo sobre Maria nesse sentido.
Sobre autoridade divina:
O livro afirma que “ao império de Maria todos estão sujeitos até o próprio Deus” e que “Deus lhe atende os rogos como se fossem ordens”.
— Não seria problemático colocar uma criatura em posição de autoridade sobre o Criador? Não te preocupa a lógica de, sabendo quem Deus é, dizer de boca cheia que Ele simplesmente se sujeita a Maria? Isso não te causa arrepios?
Sobre rapidez na salvação:
Ligório escreve: “Algumas vezes mais depressa se obtém as graças recorrendo a Maria do que recorrendo ao próprio Salvador Jesus Cristo” e “seremos até mais depressa atendidos e salvos, chamando pelo nome de Maria do que invocando o santíssimo nome de Jesus”.
— Como isso se harmoniza com Atos 4:12: “Não há salvação em nenhum outro, pois debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”? Se o item anterior não era ruim o suficiente para te causar arrepios, este ainda não causa?
Sobre Jesus como juiz rigoroso:
O autor retrata Jesus como alguém que “lança fora dos seus pés” aqueles que o buscam, enquanto Maria nunca abandona quem recorre a ela. Ele diz: “Em Jesus vemos também o nosso juiz, cujo ofício é castigar os ingratos.”
— Mas e como fica a inerrância de João 6:37: “Todo aquele que o Pai me der virá a mim, e quem vem a mim eu jamais rejeitarei”?
Arrepios, com certeza.
Sobre poder e onipotência:
O livro declara Maria como “onipotente” e afirma: “Muitas coisas se pedem a Deus e não se alcançam. Pedem-se a Maria e consegue-se.”
— A onipotência não é um atributo exclusivo de Deus? Isso não é levar as orações a alguém diferente de quem a Bíblia manda?
Sobre intercessão única:
Ligório escreve: “Se Deus está irado contra qualquer pecador e Maria toma sua conta para protegê-lo, ela detém o filho para que não o castigue.”
— Isso não retrata Deus de maneira distorcida? 1 João 4:8 diz que “Deus é amor”. Por que seria necessário alguém “deter” Jesus de castigar pecadores quando Ele mesmo veio buscar e salvar o que estava perdido? Então, quer dizer que Maria é amor, Deus é outra coisa?
Sobre o escapulário:
O livro promete que aqueles que usarem o escapulário “seriam livres da condenação eterna”.
— A salvação não deveria depender da fé em Cristo (Efésios 2:8-9) ao invés de um objeto físico? Isso não é idêntico ao que fazem as seitas neopentecostais, que são chacota para os católicos (e eu concordo com a chacota!)?
Questões sobre São Luís de Montfort (Tratado da Verdadeira Devoção)
Sobre submissão divina:
Montfort afirma: “No céu e na terra tudo, o próprio Deus está submisso à Santíssima Virgem” e que “suas preces e rogos são tão eficazes que se podem tomar como ordens junto de sua majestade”.
— Como Deus, sendo o Criador soberano, poderia estar submisso a uma criatura? Quem realmente teria coragem de afirmar isso na face de Deus?
Sobre igualdade com Deus:
O tratado declara: “Tudo o que convém a Deus pela natureza convém a Maria pela graça” e que Jesus deu a ela “os mesmos direitos e privilégios que ele possui por natureza”.
— Como não dizer que isso equipara Maria a uma divindade? E ainda assim, não seria idolatria? Não parece que há algo realmente errado nisso tudo?
Sobre obediência no céu:
Montfort ensina que Jesus, mesmo glorificado no céu, “conserva a submissão e obediência do mais perfeito dos filhos para com a melhor das mães”.
— Isso não contradiz a clara afirmação bíblica sobre a supremacia absoluta de Cristo (Colossenses 1:18; Efésios 1:20-23)? E mais: você certamente já viu as passagens diversas onde Jesus precisa lidar com a presença de sua mãe, e Ele a ignora, certo? Por exemplo, Mateus 12:46-50 e Marcos 3:31-35.
Sobre mediação dupla:
O livro afirma: “Temos necessidade de um medianeiro junto do próprio medianeiro” — ou seja, precisamos de Maria para chegar a Jesus.
— Isso contradiz frontalmente 1 Timóteo 2:5: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus”.
O que fazemos sobre isso? Começam a se acumular tantas e tantas coisas que contrariam terrivelmente as Escrituras, mas que a cultura católica se apropriou, que é preciso dar um passo atrás e raciocinar.
Sobre temor dos demônios:
Montfort escreve que “o temor que Maria inspira no demônio é maior que o que inspiram todos os anjos e homens e em certo sentido o próprio Deus”.
— Se os demônios tremem diante do nome de Jesus, o próprio Deus (Tiago 2:19), como poderiam temer mais ainda a Maria?
Reflexões Gerais
Estes não são ensinamentos de “católicos populares” mal informados, mas de santos oficialmente reconhecidos, cujas obras receberam aprovação eclesiástica. Santo Afonso de Ligório é Doutor da Igreja. São Luís de Montfort é amplamente recomendado por papas.
Algumas perguntas importantes:
- Se Maria nunca é mencionada nas cartas doutrinárias do Novo Testamento (todas as epístolas de Paulo, Pedro, João, Tiago, Judas), por que ela ocuparia posição tão central na fé cristã?
- Por que a própria Maria, no Magnificat (Lucas 1:46-55), fala de Deus como “meu Salvador” se ela não precisasse de salvação?
- Por que estes ensinamentos retratam Jesus como alguém severo, relutante em perdoar e que precisa ser “aplacado” por Maria, quando toda a Escritura o apresenta como misericordioso, compassivo e pronto a perdoar?
- Hebreus 4:16 nos convida a “nos aproximarmos do trono da graça com toda a confiança”. Por que estes santos ensinam o oposto — que não devemos ter confiança para ir diretamente a Deus?
Meu objetivo não é ofender, mas entender: como reconciliar estes ensinamentos com a revelação bíblica? Estarei aberto para ouvir suas considerações.