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História da Hermenêutica – RESENHA

O livro de Valdeir, como o nome diz, trata da história da hermenêutica bíblica.

O autor fez uma boa pesquisa a respeito e conseguiu trazer muitos pontos interessantes que não são encontrados facilmente em outros livros conhecidos sobre o mesmo assunto.

Ele abre o livro fazendo uma introdução ao assunto, com uma explicação acerca da escrita e o significado textual, depois parte para a leitura e sua interpretação, dá uma pincelada sobre o uso instrumental do pensamento platônico e aristotélico por parte de grandes personagens da Igreja, depois entra mais propriamente nas diferentes escolas de hermenêutica, a começar por Alexandria e Pérgamo.

Na lição 5, o autor fala sobre o mundo helenístico antigo e sua influência na hermenêutica posterior, que se deu pela metodologia, cultura e filosofia. É importante, neste ponto, citar que o autor perde tempo com algumas informações pouco úteis e enfadonhas, como o teatro grego e afins. Isso causa uma “barriga” no livro e pode facilmente fazer o leitor perder o ânimo e o ritmo. Há ainda uma breve exposição sobre a cultura de leitura no mundo romano.

Na lição 7, finalmente o livro entra propriamente na interpretação no contexto da Idade Média. Nesse trecho, o estudo volta a ser bastante útil por conta da riqueza de detalhes técnicos sobre como o período em questão se desenvolveu.

Algo que dificilmente também se encontra por aí é a respeito da história das comunidades hebraicas e sua posição exclusivista como intérpretes da Escritura, em oposição à mesma soberba por parte dos cristãos romanistas, o que gerou (como de costume) a queima pública de Talmud em Paris (1242), o que se seguiu até muito próximo da Reforma Protestante, como em 1553. A isso, se segue uma explicação do autor a respeito da hermenêutica judaica, encontrada no próprio Talmud, além de outros escritos.

O segundo bloco do livro é inteiro sobre isso ainda. As informações são interessantes, mas pode não ser o que o leitor espera num livro com esse título.

O terceiro bloco entra, por fim, na história da interpretação da Igreja, voltando ao período patrístico, passando pela escolástica, a Reforma Protestante e suas disputas com o humanismo. Esse bloco trata ainda do confessionalismo e a crítica histórica.

No quarto e último bloco do livro, lemos sobre o protestantismo e a contrarreforma, uma pequena exposição sobre epistemologia e uma crítica da ideologia.

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