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A Polarização à Luz da Bíblia

A Polarização à Luz da Bíblia

Alguns cristãos são tomados por uma esquizofrenia quando o assunto é política: toda a sua vida parece mesmo estar voltada para a missão cristã, exceto quando o assunto é política; com aqueles que ele não concorda politicamente, ele não sente que deve se comportar como cristão; ele pode insultar, pode tratar com desprezo, sem se preocupar com o fato de estar lidando com uma pessoa com dificuldades como qualquer outra.

Discutindo sobre questões políticas, quantas vezes você já insultou outras pessoas e as tratou como inferiores, sob o pretexto de estar defendendo a Igreja, o Evangelho ou a sociedade?
Às vezes, o povo de Deus começa a se esquecer de sua identidade e começa apenas a replicar aquilo que ele vê, ouve e sente, aquilo que ele está acostumado.

Quando uma comunidade cristã começa a se esquecer de sua identidade, ela se esquece de que se Deus nos abençoou é para abençoar o próximo. O povo que devia sair e alcançar os perdidos, se acomoda por que está satisfeito de não ser como os descrentes. Com o tempo, começam a ter nojo dos ímpios e ficar feliz com os males que os atingem. “Bem feito! É isso que eles merecem. Tem que sofrer mesmo!”, diz o “crente”, tão amoroso quanto um cão raivoso.
Você pode dizer em seu interior que não tem feito o mesmo em algum nível?

E como igreja? Será que a nossa comunidade não está se isolando afastando os outros por questões secundárias? Se nós estivermos nos recusando a buscar quem discorda de nós politicamente, já transformamos a igreja num partido político. Nosso deus é outro.
Se os adversários políticos são desprezados e chamados de “lixo” nas redes sociais, como poderemos falar do amor de Deus para eles?
A Igreja está cada dia mais perseguida e, em partes, porque os próprios cristãos dão muitos motivos.
O mundo olha para os cristãos com menosprezo. As pessoas pensam que da mesma forma que tudo vem mudando com o tempo (crenças políticas, a ciência etc.), nós também em breve seremos convencidos a abandonar o que cremos. Eles não entendem que a Igreja de Cristo não pode ser detida. Nós, por outro lado, sabemos que eles é que estão errados: eles estão mortos em seus delitos e pecados, são filhos da ira (Ef 2:2).

A identidade do mundo está ligada a vontades escravizadas pelo pecado e seduções de Satanás. Porém, nós aprendemos algo importante com Paulo. Quando Paulo fala dos povos incrédulos, ele vai além de suas transgressões. O olhar que ele tem dos descrentes é de misericórdia, de compaixão e de amor, assim como Deus teve por ele.

“Todavia, Deus, que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos vida juntamente com Cristo, quando ainda estávamos mortos em transgressões – pela graça vocês são salvos” (Ef 2:4-5).
É com esse olhar que estamos vendo essas pessoas?

Sim, você encontrará muitos ateus militantes intragáveis. Você encontrará pessoas promíscuas insuportáveis. Encontrará pessoas que idolatram o trabalho, o poder e o dinheiro. A questão é: como você irá reagir? Fará como os judeus: desprezar e se isolar? Ou como Paulo, que está nos propondo a visão de Cristo: compaixão e ação?

A Unidade Quebrada

Muitas famílias estão brigadas, casamentos estão desmoronando e amizades antigas sendo desfeitas por causa de opiniões pessoais políticas. Isso já é bastante absurdo, mas não para por aí.

Até igrejas locais estão divididas por causa da política, com irmãos que não se suportam e não aceitam mais comungar uns com os outros. São pessoas cheias de si que têm sua própria opinião em altíssima estima e consideram-se mais espirituais, mais cristãs do que outros irmãos, não em questões de fé, mas em questões econômicas e sociais. Outras tantas igrejas até racharam, dando origem a outras denominações por conta não de escândalos ou de heresias, mas de gosto pessoal, opiniões mal pensadas em questões secundárias regadas a muito orgulho. É assustador que tenhamos chegado a esse ponto em tantos lugares. Mas, agora, o que fazer?
Há um exemplo bíblico interessante que pode nos ajudar.

Quando Paulo escreve à igreja de Corinto, ele está lidando com uma igreja dividida; aquela era uma igreja com muitas rupturas internas. O que Paulo faz, logo de início, é perguntar sobre a pessoa de Jesus: “Será que Cristo está dividido?” (1Co 1:13). Ora, teria Cristo sido estripado e seu corpo separado em muitas partes?

Os cristãos são o corpo de Cristo. Nos dividirmos por questões secundárias é o mesmo que tentar romper esse corpo. Por isso, Paulo monta a figura absurda de um Jesus partido em pedaços para dizer que os coríntios não deveriam estar naquela situação.

O que faz uma igreja conseguir vencer suas diferenças, seja na política ou em qualquer outra área, é olhar para o ponto que une todos os seus membros. O que nos une em um só corpo não é a nossa classe social, nossa etnia, muito menos a nossa preferência política. O que nos une é Jesus: quem Ele é e o que Ele fez.

A unidade da igreja local, mesmo na diversidade de opiniões em questões secundárias, mostra qual é a prioridade dos membros.
O que a sua relação com os que discordam de você politicamente tem testemunhado sobre a prioridade da sua vida pública?

Diferentes Perspectivas

Há um outro exemplo bíblico para os dias de hoje ainda mais específico sobre diferenças políticas e unidade: os apóstolos.
Jesus não promoveu uma revolução política, e nós ainda falaremos muito sobre isso mais adiante. Mas é curioso como aqueles que Jesus escolheu para fazer parte do grupo mais próximo de si para discipular e conceder autoridade revelacional para proclamar a sua mensagem – os apóstolos – foram chamados por Ele mesmo tendo posições políticas completamente antagônicas.

Em Mateus 10:2-4, lemos a lista de nomes dos apóstolos. Na lista, a maioria dos apóstolos recebe alguma informação extra para facilitar a associação aos leitores da época. Para fazer isso, o escritor usou as características mais fáceis e marcantes para distinguir os apóstolos, inclusive porque vários deles tinham nomes repetidos. O que nos chama atenção é qual característica de dois deles foram citadas.

Leia a passagem e preste atenção aos detalhes.

“Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que foi quem o traiu”.

Continue lendo mais no artigo: O Zelote e o Publicano.

Ou leia muito, mas muito mais sobre isso no livro A Política e a Fé Cristã, no link abaixo:

A Política e a Fé Cristã | Lucas Rosalem

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