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A Atuação da Igreja

A Atuação da Igreja

Entre muitos cristãos, já há uma ideia bem melhor desenvolvida sobre a política que é o chamado “voto defensivo”: a ideia de que é verdade que não devemos confiar no estado ou em qualquer político, mas vale a pena tentar votar no “menos pior” para evitar que a ameaça mais séria e mais mortífera seja eleita.

Isso não lhe parece uma roleta russa? Como é que a sociedade permitiu que as coisas chegassem a esse ponto?

O fato é que quando o assunto é se defender da agressão estatal, uma questão muito cara aos cristãos é a liberdade religiosa. E eu realmente entendo o anseio de cristãos que entram na política ou se engajam em campanhas de candidatos com a intenção de defender sua liberdade.

É justo que cristãos lutem pela liberdade? Sim, sem dúvidas.

Mas não há dúvidas de que há caminhos muito mais rápidos e eficientes para isso do que a confiança na política que, como dissemos, é uma roleta russa: absolutamente qualquer coisa que tenha sido concedida pelo estado pode ser também retirada por ele a qualquer momento, a população gostando ou não.

Nós precisamos nos libertar da ideia de que a sociedade necessita da atuação e da força do estado para ser transformada, ou pior, que a Igreja precisa usar o estado para tal.

• A nossa confiança não pode estar no estado;
• A Igreja precisa aprender a não depender do estado;
• Os estados mudam e passam; a moral e a lei de Deus, não.

Transformação Profunda

Cristãos que se engajam politicamente, constantemente usam como desculpa a necessidade de envolvimento como “sal” e “luz” para o mundo, trazendo influência positiva. Isso está certo. Perceba como influenciar é completamente diferente de impor.
Ainda que o nosso esforço não seja, jamais, de obrigar, mas de explicar e testemunhar esperando a ação do Espírito Santo, é inegável que nós podemos também agir em prol de melhorar a vida em comunidade, em busca de uma sociedade mais justa.

Existe realmente, na Bíblia, um chamado para que a Igreja se engaje cultural e socialmente. Mas esse papel de transformação social da Igreja nunca é confundido com envolvimento político.

Não, a Igreja não precisa do estado para nenhuma missão.

Nós podemos ter projetos voltados para que as pessoas tenham uma percepção mais madura sobre a vida. E isso não é política, é cultura. É com o nosso envolvimento pessoal na vida das pessoas da nossa comunidade que a lei de Deus em nós fará seu papel transformador. Compare o AT com o NT nesse sentido.

Deus fez sua lei conhecida para que o povo soubesse de sua incapacidade de fazer o bem e, portanto, de sua condenação. Hoje, essa função é feita por nós conforme testemunhamos o amor de Cristo.

A lei mosaica foi uma forma mais simples que Deus usou para moldar mentes e corações usando regras morais, sociais e cerimoniais. Diferente do AT, onde a lei é apenas posta a todo o povo, que devia moldar suas ações externas a elas por força de lei, o NT nos chama para uma renovação da mente, onde a lei de Jesus, a lei do amor, é cumprida por nós por gratidão – não exigida dos outros.
A antiga aliança era apenas uma preparação para a nova aliança com Jesus. Era uma ilustração sobre ela. Não do que nós deveríamos fazer contra a sociedade em nome de Deus, mas uma prévia do que Ele faria conosco em nós.

Você acha que sem a imposição estatal a Igreja nunca conseguirá vencer? Sem cristãos na política o Evangelho a sociedade irá se opor a nós cada vez mais? Bem-vindo ao mundo real!

Apenas o Evangelho pode transformar corações, pois só ele pode mudar a relação das pessoas com o Criador. Todas as outras coisas são apenas formas de maquiar e adiar problemas.

A missão da Igreja sempre estará em desacordo com o mundo. A Igreja de Jesus Cristo consiste em chamar o mundo ao arrependimento. Ao declarar lealdade ao rei Jesus por meio da fé no Evangelho, os crentes enfrentam a oposição do mundo; é isso o que se espera mesmo. Isso significa que a missão da igreja não será fácil. Jesus nunca disse que seria. Além disso, Jesus nunca impôs um estilo de vida exato e fixo, como a lei mosaica, nem mesmo aos seus seguidores, quanto mais aos de fora!
Diante disso, será que não haja nada que nós possamos fazer de maneira mais efetiva na sociedade, com relação à justiça?

Sim! E como há!

Há três vias que os cristãos podem e devem usar para alcançar uma transformação social genuína. A principal delas é a transformação sobrenatural, da qual somos apenas os instrumentos; a segunda é a transformação que ocorre quando nós mesmos colocamos a mão na massa; a terceira é a transformação das ideias.

Impacto Social

Se quer mesmo melhorar o lugar onde vive, você precisa começar a pensar em soluções mais duradouras do que essa loteria que chamamos de eleições. Precisa pensar em mudança de ideias das pessoas da comunidade. E não estou falando de mudar de posição política, obviamente.

Com relação à sociedade, fora a pregação do Evangelho, nós podemos e devemos propagar informações melhores sobre economia, civilidade e liberdade. Se a população entender melhor como essas coisas funcionam e por que são importantes, mesmo que péssimos governantes subam ao poder, eles pouco poderão fazer contra a nação e o que fizerem surtirá menor efeito.
Quanto mais a sociedade deixar de depender do estado, menos dependente dele e menos afetada será.

Políticos diferentes podem nos afetar de maneiras brutalmente diferentes? Sim, podem. Porém, não é o voto que pode transformar a sociedade. As eleições não mudam a mentalidade da nação.

Em grande parte, boas ideias podem fazer isso.
Cristãos deviam pensar mais em como tornar a sociedade forte contra a política ao invés de tentar protegê-la através dela.
É claro que se você é cristão, a ênfase da sua vida, o seu real engajamento, deve ser a propagação da mensagem da cruz. Foi para isso que fomos colocados em nossas cidades. É isso o que faremos como comunidade, como cidadãos celestiais de passagem nesta Terra. Estamos aqui para inspirar verdadeiras transformações através da operação do Espírito Santo pelo Evangelho.

É assim que demonstramos a manifestação da autoridade verdadeira, não de um político qualquer ou do estado, mas de Jesus.
Mas há, sim, uma transformação que pode acontecer da nossa parte. Aquela transformação que é papel exclusivo da Igreja está no modo como aqueles que já foram transformados pelo Espírito invadem as cidades com a luz de Cristo não para uma revolução armada, mas para cuidar dos feridos, acudir aos necessitados e estender a graça do Senhor através do acolhimento e do serviço às pessoas. Se você quer uma mudança, seja a mudança!

Não se esqueça de que você, assim como os descrentes, também é moralmente vulnerável. Sozinho, você é incapaz, você é só mais um pecador no mundo. Nós precisamos de outros seres humanos nos ajudando, de comunidades e redes de associação que tenham relações morais para que possamos articular as nossas propostas morais. Se o que queremos é uma sociedade melhor, não há outra coisa a ser melhorada senão as relações dentro dela.

A igreja local é uma dessas relações, a melhor e mais poderosa delas. A igreja é uma associação que funciona como um tipo de incubadora de virtudes. Quando nos reunimos em culto, pastoreio e discipulado, celebrando o nome de Jesus e aprendendo sobre sua Palavra, nós estamos aprendendo sobre como a nova vida em Cristo nos capacita moralmente para agir a partir das virtudes do Evangelho. É assim que a Igreja fornece os meios através dos quais toda uma sociedade tem condições de ser renovada.
Os cristãos que se reúnem para reafirmar vez após vez que só Jesus é o Senhor são devolvidos à sociedade, vivendo suas funções onde estão, mas agora com os valores do reino, com uma consciência realista do pecado humano e da graça de Deus.

Por isso também, cristãos só estão fazendo alguma coisa pela sociedade, não quando votam ou se engajam na política, mas quando estão a serviço das suas comunidades locais, conhecendo a cultura dos vizinhos, sabendo quais são suas necessidades mais urgentes e promovendo um fortalecimento, um laço social, oferecendo respostas a cada um dos desafios, seja individual ou coletivamente, com a igreja. Quer mudar sua cidade? Proclame o Evangelho, espalhe as ideias da liberdade; se disponha a servir!
Sabe por que a política não é uma ênfase bíblica?

• Ela não é aquilo pelo que nós devemos ser caracterizados.
• A política não é o centro de unidade da Igreja.
• A política não estabelecerá o reino de Deus.
• Cristãos só têm um Rei e Ele ainda está por vir.

Leia muito, mas muito mais sobre isso no livro A Política e a Fé Cristã, no link abaixo:

A Política e a Fé Cristã | Lucas Rosalem

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