Você já refletiu sobre qual é a relação do cristão com a política, mas não de sua própria mente e gosto, e sim à luz da Escritura?
Bem, vamos começar com o seguinte: nós simplesmente não somos servos dos reinos deste mundo. Aliás, não assumir uma postura política publicamente já é se posicionar; é expor uma confiança diferente daquela que encontramos naturalmente lá fora.
Um cristão fiel não tem esperanças políticas.
Se você é cristão, você não é brasileiro, você é do céu. O seu coração deveria se importar menos com a política brasileira. Esta aqui não é a sua morada, não é a sua terra, não é a sua nação. Aqui, somos meramente peregrinos. Os poderosos que governam este mundo, o fazem apenas momentaneamente e vão passar. Os poderes temporais ruirão um a um. Não faz mais sentido vivermos tão envoltos em tensões políticas passageiras.
Quem governa o Brasil não é o presidente, nem o STF.
Quem governa o Brasil e todo o resto do Universo é o Senhor.
Em perspectiva, a política importa pouco. Muito pouco.
Foi o próprio Jesus quem introduziu na cultura a percepção de que os governos humanos são limitados e passageiros ao dizer que a Ele, e mais ninguém, havia sido dada toda a autoridade. Foram conceitos cristãos que enfraqueceram as estruturas estatais daquela época até os nossos dias no Ocidente.
Em sua hora de maior fragilidade, o sumo sacerdote perguntou se ele era o Messias, o Filho do Deus Bendito. “‘Sou’, disse Jesus. ‘E vereis o Filho do homem assentado à direita do Poderoso vindo com as nuvens do céu'” (Mc14:62). Em outras palavras: “Embora neste momento eu esteja fragilizado e seja desprezível aos olhos de vocês, muito em breve me sentarei no lugar de absoluta autoridade sobre você e sobre Pilatos, Herodes e César” (PIPER, ibidem, p. 361).
Nós precisamos recuperar a noção de Senhorio de Cristo e trazer à tona a proposta clara de um ateísmo político, a proposta da desconfiança total nas figuras falhas, limitadas e pecadoras que se dispõem a dominar.
Perceba que isso não é, de forma alguma, ser socialmente indiferente ou omisso. Nós podemos e devemos contribuir para que a nossa sociedade seja melhor, como foi demonstrado no capítulo anterior. A Igreja tem um poder que não vem de cima para baixo, não funciona por meio da imposição, e por isso mesmo é muito mais eficiente: é um poder capilar de penetração social. A presença fiel da Igreja na sociedade transforma pessoas apáticas em cristãos eticamente responsáveis, preocupados com o seu entorno comunitário, que começam instituições e organizações para beneficiar a comunidade local etc. E isso é importante.
O grande economista chamado Frédéric Bastiat, dizia o seguinte: Deus fez a todos nós de tal forma, com tal conjunto de virtudes, que fomos feitos diferentes para que possamos servir a todos; nós nos comportamos de uma forma diferente para termos faculdades que possam servir a todos. Isso se dá de tal forma que se nós perguntarmos a alguém sobre como ele pode ajudar, ele provavelmente não saberá se dispor e ser tão útil quanto ele de fato já é para as pessoas.
A presença fiel dos cristãos na sociedade é alcançada com pessoas da comunidade, pessoas bem relacionadas em seus contextos, com capilaridade social, que se conectam com as pessoas, que sabem dialogar, que ama autenticamente seres humanos, que têm interesse sincero pelo próximo e pela realidade à sua volta; e acima de tudo, que tem uma visão missional, com a verdade de Cristo nos lábios.
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