Por Lucas Rosalem.
“Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo“ (Hebreus 2:17).
O autor da carta aos hebreus está realmente focado em apresentar o propósito grandioso e exclusivo da obra de Jesus na encarnação. No primeiro capítulo, logo no início, ele explica quem Jesus é e o que Ele veio fazer aqui entre nós. Nesse verso acima, o autor mais uma vez fala da boa notícia do Evangelho explicando como a salvação de pessoas tão corrompidas pode ser justa: a propiciação pelos pecados. Mas o autor também nos apresenta algo que Cristo verdadeiramente passou e que nem todos já pararam para refletir: o Deus do Universo se rebaixou à miséria humana literalmente.
Você já pensou na disposição que houve em Cristo Jesus em abrir mão de sua posição de glória ao lado do Pai, tornando-se um ser humano numa condição ainda mais humilhante que a comum, como servo, ser levado à morte injustamente, com uma morte também humilhante na cruz, e tudo isso por amor a pessoas como eu e você? A pergunta é: por que Ele precisou fazer isso?
Quando chegou o cumprimento dos tempos para que o plano de Deus se concretizar na História, o Filho tomou sobre si a natureza humana com todas as suas propriedades físicas. Jesus, sendo Deus, assumiu a natureza humana, que é sensível à dor, à fome, a limitações no tempo e espaço, e todas essas outras características comuns a nós aqui este mundo. Jesus foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria, tendo parte, assim, da substância de Maria. Dessa forma, as duas naturezas de Cristo, portanto, eram perfeitas e completas, mas distintas.
Jesus, ao contrário de todos os outros homens, não nasceu em pecado, não nasceu “por natureza filho da ira”, pois foi concebido pelo Espírito Santo. Sua natureza divina se dá porque Ele é o próprio Deus, mas sua natureza humana se dá porque Ele nasceu de Maria. As duas naturezas foram unidas inseparavelmente em uma só pessoa, de forma que elas não se misturam, nem se fundem formando uma terceira substância. Dessa forma nasceu Jesus: verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É isso que torna possível que Jesus seja mediador entre Deus e os homens.
O Messias precisava também ser um representante real dos homens. Ele precisava saber como era ser homem, saber como é ser tentado, sentir fome, dores e todo tipo de coisa que homens comuns sentem. Mas como seria possível um homem cumprir perfeitamente as exigências da lei de Deus? E como Ele poderia receber toda a ira divina eterna contra cada pecado do povo de Deus em si? Por isso, era necessário também que Ele fosse Deus!
Jesus, como homem, sofreu dores inimagináveis. Isso, além de toda a humilhação que passou em seus últimos momentos. Mas não só isso. Você já pensou no que significa para o próprio Deus ter nascido como bebê, passando por absolutamente todo tipo de coisa que um bebê passa? E quem diria que aquela criancinha era o próprio Deus! O próprio Deus, na pessoa do Filho, receberia muito mais do que um homem comum merece: a ira completa do Pai equivalente aos pecados do seu povo.
A maior descarga de ira que Jesus recebeu pelos nossos pecados foi espiritual, mas se Ele fosse apenas um ser espiritual, como poderíamos ter alguma noção disso? E se fosse apenas humano, como ressuscitaria? Sua morte física literal e ressurreição física literal é que nos dão a certeza da sua humanidade, mas também do seu poder, do seu compromisso com sua Igreja e da esperança na vida eterna conquistada por Ele! O mais maravilhoso nisso tudo é que Jesus continua, hoje, com as duas naturezas! Por quê?
Porque assim os homens têm um representante verdadeiro sentando à direita do Pai. É por isso também que Ele pode interceder por nós ao Pai: porque Ele realmente entende o nosso sofrimento! Esse também foi um motivo pelo qual Ele se tornou um de nós. E é por isso que podemos chegar a Deus através dele.
A Trindade é uma união perfeita e suficiente. Mesmo assim, Deus manifestou um amor incompreensível, decidindo criar e convidar sua criação para essa união. Mas como esse Deus perfeito traria para a sua comunhão perfeita pessoas como nós? Todo o trabalho (ou o plano) da Trindade na História foi para arrumar isso. O Filho de Deus se esvaziou da sua glória e mergulhou no Universo, dentro do Tempo e do Espaço, atrás de nós para nos buscar e nos levar para dentro da unidade com o Pai e o Espírito. Deus se tornou homem para se fazer um com ele. Assim, o homem pôde ser feito um com Deus.
O segundo capítulo de Hebreus termina assim: “Pois, naquilo que ele mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados“ (Hebreus 2:18).
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