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SALOMÃO

Salomão sucede ao pai, Davi, no trono por volta do ano 961 a.C. É um personagem complexo e, como os seus predecessores, muito promissor, além de demonstrar alguns defeitos significativos. A narrativa de 1Reis 3— 10 se concentra nos aspectos bons desse homem, a quem a profecia de Natã se referiu como o filho de Deus e construtor do Templo. Apenas depois de ficarmos sabendo das virtudes de Salomão, alguns elementos negativos de seu reinado, como os casamentos mistos e a desobediência religiosa, são insinuados, sem nenhum comentário direto (1Rs 3.1,2).

As características notáveis de Salomão são narradas de um modo que o mostra como aquele que dá os últimos retoques às glórias do reinado de Davi. Davi foi um líder perspicaz e se aconselhava com homens sábios. Salomão é mencionado como o principal sábio de Israel, que deseja e recebe uma mente compreensiva para governar o povo (1Rs 3.6-9; 4.29-34). O fato de a sabedoria ser a característica do reinado de Salomão exige que entendamos o significado da sabedoria na teologia bíblica (veja o capítulo 18). O rei que governa com sabedoria não está apenas preocupado com decisões inteligentes que promovam a justiça (1Rs 3.16-28), mas também obtém prosperidade na boa terra de acordo com a promessa da aliança (4.20-28). Ele busca encontrar as relações existentes entre todas as partes da criação (4.29-34). No centro dessa sabedoria está a revelação de Deus e a sua aliança. Até a magnificência do Templo está associada à sabedoria de Salomão.

O toque magistral religioso de Davi foi trazer a arca da aliança para Jerusalém e transformar a cidade no ponto central da relação da aliança com Deus. Todas as promessas de Deus a respeito de sua relação com seu povo e com a terra que lhe deu se concentraram em Jerusalém, ou Sião. Salomão agora constrói o templo como o lugar de habitação de Deus na cidade santa. A glória do templo é descrita com detalhes em 1Reis 5—7, mas a teologia relacionada a ele é apresentada na oração dedicatória de Salomão (1Rs 8).

Em primeiro lugar, o templo substitui o tabernáculo e funciona como santuário permanente e fixo na Terra Prometida. Quando a arca é trazida para o santuário, a glória do Senhor enche a casa (8.6-10). Esse agora é o lugar de sacrifício e reconciliação com Deus. Quando o pecado obscurece o relacionamento da nação com Deus, o arrependimento e a oração voltados para o templo asseguram o perdão. Com essa casa e seu ministério se mantém a relação da aliança (8.15-53). Até a promessa para os gentios está centrada no templo, pois é nele que os estrangeiros podem encontrar aceitação diante de Deus. O templo é um testemunho para todas as nações de que Deus habita em Israel e é encontrado por meio do nome que ele revelou e pelo qual se denomina o templo. Em outras palavras, um estrangeiro só pode se tornar parte do povo de Deus indo ao templo, pois é nele que Deus decidiu tratar com aqueles que o buscam (8.41-43).

É claro que o reinado e o caráter de Salomão apresentam defeitos. A história bíblica, no entanto, concentra-se antes de tudo nos aspectos positivos, pois é a partir deles que se pode deduzir a importância teológica de Salomão. Ele é o filho da aliança que medeia o governo de Deus na terra de Deus. Juntamente com Davi, ele mostra o modelo do governo do reisalvador messiânico. O reinado messiânico é marcado pela verdadeira sabedoria, pela glória da terra e da corte real. É coroado pela casa de Deus, que é para Israel o centro visível do universo e a pedra de toque de realidade e verdade.

• Salomão completa o modelo de governo de Deus, que é mediado pelo rei ungido (messias).

—- Retirado de Graeme Goldsworthy – Introdução à teologia bíblica

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