Por Lucas Rosalem.
Em filmes, séries e até para a maioria dos cristãos, “anjo” é uma espécie, uma raça; no caso, espiritual/celestial. Na cultura pop, essas criaturas são descritas de tantas formas diferentes que é difícil dizer se são apenas criações para entreter ou se são fruto da quantidade de ideias pessoais sobre essas figuras tão interessantes
Quando usamos o termo “anjo”, geralmente, é para nos referirmos aos seres celestiais criados não-caídos. Mas na Bíblia não é assim. Uma explicação profunda foi dada em outro artigo, cuja parte que nos interessa aqui segue abaixo:
Anjo não é o nome da espécie deles, mas uma das suas funções. Tanto em hebraico ( ךאלמ - malak) quando em grego (αγγελος - angelos), significa "mensageiro". Anjo significa "mensageiro". O termo é usado na Bíblia para se referir a seres celestiais, pessoas e até mesmo a Jesus pré-encarnado (ou seja, nas aparições do Filho antes de ter nascido como homem).
Você pode ver a explicação mais completa sobre isso no link ao final deste texto.
Aqui, vamos pensar um pouco sobre como os hebreus vislumbraram aspectos importantes do Evangelho (a obra do Filho) que ajudaram a compor a fé do AT.
Deus é apresentado através de inúmeros adjetivos, nomes próprios e, principalmente, atos. Ainda assim, tudo pode ser resumido a dois itens: Todo-Poderoso e Pessoal. Não coincidentemente, quando o anjo Gabriel anuncia a Maria sobre sua gravidez, dá também dois nomes ao bebê: Jesus, para associá-lo diretamente ao Deus Criador, e Emanuel, que significa “Deus conosco” (Mt 1:21-23).
Essa passagem e muitas outras nos revelavam a distância que há entre o Ser Divino e a humanidade, mas também o seu prazer em se aproximar dela.
Deus é transcendente, mas também é imanente.
Na figura do “mensageiro”, de alguma maneira, Deus está próximo do ser humano, ao mesmo tempo em que Ele mesmo permanece distante.
Daí o significado de Betel (Bet-El, “a porta dos céus”), mostrando que na mentalidade do povo antigo já se tinha essa noção do distanciamento entre Deus e a humanidade. Deus, no entanto, havia Ele mesmo “aberto uma porta” para se aproximar dos homens através do Seu Mensageiro. Isso nos remete diretamente ao nome de Jesus:
“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus conosco” (Mt 1:23).
Assim, tanto na figura do Anjo do Senhor quanto na teologia por trás dessas narrativas, vemos como Deus providenciou que aquele povo (os patriarcas) com tão pouca revelação do que a Trindade faria para reconciliar seu povo consigo tivesse não apenas os benefícios espirituais, mas alguns benefícios também emocionais dessa obra redentora. Na passagem onde Jacó dá nome ao lugar (Betel), é isso que acontece antes do nome ser dado por ele.
No verso 15, sobre o sonho que ele teve, lemos:
“Eis que eu estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei voltar a esta terra, porque te não desampararei, até cumprir eu aquilo que te hei referido”.
E no verso 30, a conclusão:
“Àquele lugar chamou Jacó Peniel, pois disse: Vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva”.
Ao invés de entender o próprio local como santo e motivo de peregrinação (elemento presente em todas as religiões da região), O Deus da promessa está “com” a pessoa que se encontra a caminho e deve voltar feliz para casa.
Veja como isso nos lembra da descrição linda, quase poética que João, já tão velhinho, faz do seu Senhor:
“O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida e a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada” (1Jo 1:1-2).
Artigo indicado no texto: < https://editoramentecrista.com/jesus-no-antigo-testamento >.
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