O tema básico de Naum é a destruição de Nínive como justa retribuição de Yahweh pela longa história de maldade vinda da capital assíria. Ao desenvolver esse tema para seus leitores judaicos, Naum primeiro apresenta um quadro veemente de Yahweh como o Deus cujo caráter combina a severidade e a misericórdia perfeitamente, para consolo dos que nEle confiam. Segue-se a isso uma descrição detalhada do ataque a Nínive e a queda da poderosa cidade. A parte final enfatiza a inevitabilidade da destruição de Nínive devida ao mal que ela trouxera a todas as nações circunvizinhas.
O livro é apresentado como um שאַ ָּׂמ) m śśāʾ), oráculo ou fardo, uma mensagem de maldição. Como tal, ela é paralela à pregação de Jonas, exceto que um século antes a possibilidade de arrependimento ainda estava aberta. A pouca duração da contrição de Nínive tornara seu julgamento inevitável. O capítulo 1 apresenta um dos quadros mais tocantes de Deus no Antigo Testamento. Seu caráter zeloso (ואֹמַק] q nnôʾ]) e Sua ira (םֵ ק ֹנ] nōqēm] e רֵוטֹנ] nôṭēr])1 são magistralmente associados com a Sua longanimidade (םִׁיַפַּאֹךֶ ְרֶ א] ʾereḵ ʾ p p yim])2 e seu poder, de modo a demonstrar sua natureza complementar, em vez de contraditória (1.2,3). Yahweh é retratado como o Grande Vingador, capaz de subverter toda a terra em favor daqueles com quem Ele estabelece Seu pacto (1.4-8). Com eles, Ele é terno e bom, envolvendo-se pessoalmente (עַ דָי ,yāḏ ʿ) com suas vidas (1.7).
O texto diz que a Assíria receberá a ira irreversível de Deus, e seu pesado jugo de impostos e opressão militar contra Judá será removido de uma vez por todas (1.9-14). Portanto, a profecia de Naum é de boas novas para Judá (1.15) e faz eco à promessa de libertação descrita em Isaías (cf. Is 40.9; 52.7).3 Judá seria liberta e depois deveria renovar seu compromisso com Yahweh (cf. Lv 23).4 O capítulo 2 contém a descrição do ataque contra Nínive. Os exércitos combinados de Ciáxares, da Média, e Nabopolassar, da Babilônia, cercaram Nínive em 615 a.C. e mantiveram o cerco por 3 anos. Naum oferece uma rápida descrição dos horrores, selvageria, saque indiscriminado e destruição generalizada dos últimos dias da grande cidade. Nos versículos 1 e 2, a promessa da destruição de Nínive está mais uma vez ligada à restauração de Israel; neste sentido o versículo 2 tem implicações históricas (literais) e escatológicas (arquetípicas ou simbólicas). A seguir, Naum descreve o caos social e militar no qual Nínive estará imersa por ocasião do cerco final (2.3-10). Historiadores seculares (A Crônica de Babilônia e, bem mais tarde, Diodorus Siculus) mencionam batalhas ferozes, uma autoconfiança inicial por parte dos assírios, e posterior deserção e insubordinação agravadas por enchentes generalizadas devidas a causas naturais e técnicas de cerco. A crescente pressão dos exércitos combinados de três nações invasoras acabou por minar a confiança inicial dos defensores. Os assírios ferozes e arrogantes de outrora acabaram por ser reduzidos a um punhado de fracotes (v. 10). O final do capítulo 2 apresenta um quadro familiar, o do leão e sua família (também usada por Isaías para descrever a Assíria), para demonstrar o trágico final da dinastia assíria. A ferocidade com que a Assíria impôs seu domínio sobre o Oriente Médio e a obsessão que seus reis tiveram pela caça ao leão tornam esse quadro da desgraça de Nínive ao mesmo tempo agudo e irônico. O capítulo 3 revela algumas das causas para a destruição final de Nínive. Violência indiscriminada (v. 1) e devassidão espiritual e política (v. 4) haviam marcado a história da Assíria desde o início (cf. Gn 10.8-12).5 A mais absoluta vergonha da destruição é descrita em termos de nudez e desdém público (3.5-7).
Em seguida, Naum ataca a arrogância auto-suficiente de Nínive. Seus muros magníficos não impediriam a destruição por vir; Tebas, tão bem protegida, havia sido conquistada e destruída pelos próprios assírios, e Nínive cairia da mesma forma. Quando o Senhor declara: ךְִׁיַלֵאֹיִׁנְּנִׁ ה ) innî ʾēl yiḵ) ―Eis que estou contra ti‖ (2.13; 3.5), não há escape possível.
As metáforas multiplicam-se em um esforço para comunicar a absoluta inabilidade de Nínive escapar. Bebedeira e fragilidade feminina comunicam a inabilidade das tropas em manejar bem suas armas (3.11,13). Uma figueira com frutos maduros anuncia que a hora do julgamento divino se aproxima (3.12). As preparações frenéticas para repelir o cerco são descritas e declaradas inúteis, pois o coração de seu povo e de seus líderes estava lento e desorientado, (3.18) e incapaz de enfrentar a situação. O epitáfio vergonhoso de Nínive é de que sua queda seria saudada com alegria por todas as nações.