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A Estratégia do Cancelamento

A Estratégia do Cancelamento

Recentemente, um youtuber chamado Paulo Muzy experimentou uma situação que nos serve bem de exemplo para este livro.

Sua conta no Twitter, com uma explosão de acessos, começou a receber também a visita de militantes de esquerda atrás de saber quais eram os perfis que ele seguia; eles notaram que Muzy seguia a família Bolsonaro inteira para, segundo o Muzy, acompanhar as decisões políticas e o mais que estivesse acontecendo no Brasil, desculpa que não convenceu esses seguidores militantes. Aparentemente, Muzy apenas estava seguindo pessoas cujas propostas ele tinha alguma afinidade. Como consequência disso, Paulo Muzy foi “cancelado” nas redes sociais.

A partir daqui, o capítulo será uma transcrição adaptada de um vídeo de José Augusto de Azevedo sobre o assunto.


Paulo Muzy Cancelado

Com o cancelamento de Paulo Muzy, aconteceu o que acontece com qualquer pessoa “cancelada”: ele ganhou diversos outros seguidores por conta disso. É óbvio que qualquer pessoa que tente ser cancelada por política, supostamente sendo bolsonarista, vai ganhar diversos seguidores. Porque a esquerda vai começar atacar e os bolsonaristas vão acolher.
Porém, é preciso observar isto: é: o cancelamento foi muito bem sucedido nesse sentido. Por que ele foi bem sucedido? Porque, agora, a maioria dos seguidores que Paulo Muzy vai ter e associações que ele vai conseguir fazer, por mais que ele diga que não é bolsonarista e por mais que ele só vote no Bolsonaro de vez em quando ou você acredite em somente algumas coisas que ele fala, mesmo que ele não seja um estereótipo do bolsonarista, todas as pessoas que se aproxima serão, necessariamente, bolsonaristas.
Ele será associado a isso, pois é algo normal da conduta humana fazermos associação pelos seguidores: “me diga com quem tu andas que eu te direi que tu és”; “quem anda com porcos, farelos come”. Não dizem assim os ditados?
Isso é inevitável. Por mais que ele não seja um bolsonarista, o fato da esquerda tê-lo cancelado por supostamente ser e por fazer com que bolsonaristas lhe sigam de volta.
Então, esse cancelamento foi muito bem feito.
Nós temos a impressão de que o intuito do cancelamento é fazer uma pessoa sumir das redes sociais, perder relevância. Mas, na verdade, não é isso.
Veja: o Sleeping Giants, para quem não sabe, é um grupo de pessoas de esquerda que foca os seus esforços em boicotar e destruir a imagem das empresas e de pessoas de direita, mas eles não destroem perfis em redes sociais; os perfis não caem. Então, o que eles fazem, afinal? As pessoas perdem de vista a grande questão justamente porque estão nas redes sociais e acham que as interações se limitam às próprias redes, e é como se as pessoas, na verdade, não existissem.
Pense neste exemplo: imagine que você é norte-americano e está vendo na televisão que duzentas pessoas estão fazendo um ataque em uma cidade: é o movimento Black Lives Matter, com muitas pessoas atacando lojas e propriedades. Estar em casa vendo isso pela televisão dá uma sensação de impotência. O que você pensa? Que aquelas pessoas vão destruir a sua casa também. Todavia, os habitantes nos Estados Unidos são por volta de 320 milhões. Ou seja, são 200 fazendo aquilo contra mais de 319 milhões que não estão e que também estão chocadas com aquela atitude.
Enquanto você está assistindo, você está sozinho e aquelas pessoas na televisão estão juntas. A sensação física e psicológica que você terá é: essas pessoas vão atacar a minha casa. Você fica temeroso, afinal, são duzentas pessoas mobilizadas Você não tem compreensão de que existe um grupo de outras pessoas que também está preocupado com isso, cujo número é imensamente maior que o número dos que estão protestando. Porque essas pessoas vivem e, diferente dos 319 milhões em suas casas, você as vê: elas existem.
É mais ou menos isso que ocorre no Twitter. No twitter, você não vê as pessoas e é como se elas estivessem apenas dentro da rede.
Quando você vê a televisão, você acredita que você está imerso naquilo e que aquilo se limita e se direciona somente a você naquele campo. Assim também, quando você está no Twitter, Instagram ou Youtube, você sempre raciocina em função do número de seguidores e que se você for cancelado perderá esse número de seguidores. Mas acreditar nisso é bobo, é infantil. É perder de vista o fundamental nesse jogo.
O real cancelamento é especificamente você ser fortemente associado a um determinado grupo político. Por quê?
Porque a vida não se limita à Internet!
Você se lembra do caso do Maurício Souza, jogador de vôlei que foi cancelado também? No caso dele, foi por criticar a ideologia de gênero. Por mais que o cancelamento tenha dado a ele muitos seguidores, ele sumiu das redes – no sentido de ter perdido relevância. As pessoas não estão mais falando seu nome, mas ele ainda é um ser humano que vive seu dia a dia e, com certeza, está sofrendo problemas sociais meramente por ter sido associado a um determinado grupo político.
A vitória do cancelamento não está em destruir a imagem da pessoa, mas em consolidar sua imagem da forma que a militância da esquerda ou da direita querem que você se estabeleça. Isso é verdade em todos os casos, mesmo que os “canceladores” não o façam tão conscientemente.
Digamos que um grupo bolsonarista tente cancelar alguém de esquerda, como no caso de Bruno Gagliasso, ator da Globo. A direita o cancelou incessantemente e a esquerda o abraçou, cooptou e se juntou a ele. Basicamente, as pessoas conseguiram, através do boicote, associar a imagem de Bruno Gagliasso à esquerda.
O que isso significa? Que o boicote acontece fora da rede. Acontece no mundo real.
Se você ainda não compreendeu o problema, pense novamente no caso de Paulo Muzy, que depois de ter sofrido cancelamento, ao ver o ilusório número de seguidores crescendo disse: “é isso o que acontece quando tentam cancelar pessoas sinceras”, ou algo assim. Ele não percebeu que não venceu. Ele perdeu mais do que imagina.
Depois de sua associação com o bolsonarismo, vários sites de notícias começaram a dizer que produtos como Whey Protein e outros itens típicos de quem frequenta academia fazem mal à saúde. Essa maneira de agir não é uma coisa nova.
Simultaneamente, Bolsonaro estava tentando diminuir o preço da Whey Protein, pois estamos numa época política e, como o próprio filho de Bolsonaro possui envolvimento com o público de academia, ele sabe que existe uma massa de votantes nesse grupo. Seu filho provavelmente o alertou sobre o caso e Bolsonaro tentou angariar público diminuindo o imposto sobre esses produtos. Ao fazê-lo, os esquerdistas imediatamente começaram a atacar tais produtos tanto quanto aos próprios grupos de musculação e afins.
Como consequência dos ataques a essas pessoas que não tinham qualquer relação com o problema político em questão, boa parte delas, por estar sofrendo ataques, passará a se juntar aos grupos bolsonaristas. Essa identificação é o que se chama de “consciência de classe”. E é aqui que está todo o problema.
A teoria da esquerda, o marxismo, se baseia numa teoria de classe: rico contra pobre, negro contra branco, mulher contra branco etc. Uma das grandes estratégias da consciência de classe na política é justamente fazer com que através dessa relação do tipo “nós contra eles”, as pessoas comecem a ser socialmente enviesadas e passem a criticar determinados grupos políticos por determinados aspectos psicológicos que vão sendo desenvolvidos nelas mesmas a partir desse jogo.
Perceba como o jogo político é uma doença.
Você será associado a grupos partidários e políticos mediante determinadas características pequenas que aquele grupo tem, inclusive por questões emocionais.
Dessa forma, se alguém ataca, por exemplo, a família, e você ama sua família, você vai se situar na política a partir de um grupo político que defenda a família. Isso é o natural, isso se chama dialética negativa: eu vou pela negação. Se a esquerda defende o aborto, se associará ao grupo que está defendendo a negação do aborto. E assim por diante. Essa se tornará a sua vida, a sua maneira de ver o mundo.
Vejamos, a quem Bolsonaro está agora tentando se juntar? Ao grupo de musculação. Por isso, quem é de esquerda vai ter de ser contra os grupos de musculação e a todos os seus associados. Esses grupos, pouco a pouco, serão cravados em um polo político. E isso é o que chamamos de “consciência de classe”: é quando “eu” estou contra “os outros”.
Perceba que tudo isso está muito bem estruturado para guiar as pessoas em torno de fixá-las numa consciência de classe, onde você verá uma pessoa de esquerda e automaticamente a vinculará a todos os estereótipos possíveis para negar a existência daquela pessoa. Isso é tão forte que muitos de nós já vimos familiares e amigos brigando, porque, a partir de um certo episódio, seu amigo ou seu familiar decidiu defender Lula ou Bolsonaro. E o que acontece? As pessoas passam a odiar umas às outras; pessoas que antes amavam, agora, foram descartadas e viraram inimigas meramente porque decidiram votar nesse ou naquele político. Isso é “consciência de classe”.
É isso o que as teorias marxistas pregam: que cada sujeito dentro do esquema político, independentemente de ser de esquerda ou não, consiga chegar justamente à consciência de classe.
O que aconteceu quando, por exemplo, na pandemia, disseram para Bolsonaro invadir o STF? Muitos apoiaram, e isso é o que concebemos como “revolução”. Veja que a revolução não necessariamente precisa acontecer com os grupos de esquerda; não necessariamente precisa acontecer a partir dos grupos marxistas. Para os marxistas, a revolução apenas precisa acontecer.
O conflito violento e o esquecimento do outro precisam acontecer a partir de uma corrente política, apenas isso.
Quando você vê os bolsonaristas querendo invadir o STF e você é de esquerda, o que você pensa é: “meu Deus! Um golpe militar!”. O que você faz? Se junta à esquerda.
Se você simplesmente não é de direita, não tem opinião ou posição política, mas vê os militares atacando, querendo invadir, e pensa-se: “Golpe de Estado!”, “Ditadura!”, “Direita!”, “Vou virar de esquerda, preciso votar no Lula!”.
Esse é o apelo que o medo e as paixões têm no jogo político.
Quando você vê as movimentações de grupos políticos, é difícil não se sentir pressionado a tomar uma posição, tomar um lado. Esse processo acontece igualmente entre todos os lados políticos, que vão cada vez criando mais consciência sobre o seu lado e o lado do “inimigo”. Todas as vezes que você interage com uma pessoa socialmente, no trabalho, na faculdade, em casa etc., e você expõe consciências políticas e afins, isso faz com que você se alinhe a um grupo e, consequentemente, afaste outras pessoas de você.
E o processo de afastamento e o processo de negação sempre vão se estruturar psicologicamente a partir daquilo que você tem mais apego, porque aquilo a que você mais tem apego é aquilo que você tem mais medo que tomem de você.
O real significado de cancelamento não é destruir suas redes sociais,, mas diminuir e piorar sua relação com as pessoas mais próximas de você dentro de sua vida social, dentro de sua vida familiar e dentro de sua vida de trabalho. O propósito do cancelamento não é diminuir seguidores, mas sim segmentá-los e associar a pessoa a um grupo político.
No fim das contas, a política é só uma plataforma que serve de desculpa para você exercer o ódio e o medo que você tem. A política é como um pinscher: 50% ódio e 50% medo. A política torna você 100% contra o outro, que é do outro partido.
O meu recado a todos vocês é que não se deixem levar por essa doença chamada política. Não caiam nessa rede, nessa teia da aranha. Depois que você cai nela, o desespero é como sair, pois a aranha está vindo, e toda vez que você se mexe, você está mais preso na teia. É exatamente isso que acontece com as pessoas que entram nesse jogo. Você cada vez mais estará preocupado, com medo e com ódio. E se mexer na teia é ficar mais preso e cada vez mais profundo, com tanto medo da aranha e com tanta vontade de fugir daquilo, que você terá de enfrentar a aranha mesmo que ela nunca chegue, mesmo que ela não passe de uma alucinação e gritos coletivos socialmente.
A recomendação é: largue isso!
Tenha consciência de que isso está acontecendo com você.


Leia muito, mas muito mais sobre isso no livro A Política e a Fé Cristã, no link abaixo:

A Política e a Fé Cristã | Lucas Rosalem

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