Três coisas aconteceram neste fim de semana, que me obrigaram a falar disso. Primeiro, o Facebook me lembrou da discussão com Olavo de Carvalho, que disse que, se a adoração a Deus não é a causa da salvação, então ela não serve para nada. Segundo, um colega disse que, se eu posso ser salvo fazendo coisas más, então a definição de mal é vã e, portanto, o Cristianismo não é moral. Terceiro, a pregação sobre a segurança da salvação, na escola dominical.
O que as primeiras têm em comum? A afirmação de que a moralidade deve ser analisada de uma perspectiva pragmática, aliás, de que o pragmatismo da minha perspectiva é a verdade. Mas a moralidade não é uma ferramenta, nem uma técnica, que eu desenvolvo para conseguir alguma coisa. A moralidade é a minha obrigação, que não depende da minha vontade ou opinião, mas sim da natureza de Deus.
A primeira mostra um indivíduo reconhecido como cristão, dizendo que eu não devo fazer a vontade de Deus, se eu não vou ganhar nada em troca. Colocando o homem no lugar de Deus e Deus, no lugar do homem, ele diz que a função da vontade de Deus é agradar o homem. Blasfêmia! Deus determina o que é importante, não eu. Deus determina a minha função e não o contrário. A adoração a Deus é uma oportunidade, não só uma obrigação.
A segunda mostra um indivíduo distinto da militância neo-ateísta, mostrando que o neo-ateísmo não é uma distorção do ateísmo, mas sim uma expressão dele, e os dois são um produto da inimizade contra Deus. Com razão, eles debocham dos teístas que consideram a moralidade uma técnica para conquistar a salvação. No entanto, eles não conseguem entender que a vontade de Deus é a lei, independentemente da minha vontade ou opinião. E a salvação é uma consequência da misericórdia de Deus, não da minha santidade ou do relativismo.
A terceira, ao contrário das primeiras, mostra o Cristianismo: O homem não consegue fazer nada além de pecar, mas Deus mostra a sua misericórdia, salvando alguns odiosos pecadores; e a sua justiça, condenando os outros. A moralidade não é anulada, ao contrário, ela é cumprida em Cristo, que foi condenado no meu lugar. E assim eu posso fazer a vontade de Deus, não para ganhar alguma coisa de Deus, porque eu já ganhei infinitamente mais do que eu merecia, mas sim por amor.
– Alfredo Barbosa