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Onde a Igreja Primitiva se reunia?

A IGREJA DE ATOS SE REUNIA EM CASAS?
O CRISTÃO DEVE SE REUNIR EM TEMPLOS?
COMO POSSO ESCOLHER UMA DENOMINAÇÃO?

Antes de tudo: o local que realizamos nossos cultos aos domingos não é sagrado, as pessoas é que são sagradas. Deus escolheu morar dentro de nós, ao invés de habitar em um espaço físico. O púlpito é a minha vida, o templo é o meu corpo e o altar é o meu coração. Menos divinização ao ambiente religioso e mais vida de devoção diária aquele que tudo enxerga!

Agora, vamos ao que interessa: a Bíblia.

Todos os dias, no templo e de casa em casa, não deixavam de ensinar e proclamar que Jesus é o Cristo” (Atos 5:42).

Está confuso? Pois bem, os cristãos dos tempos de Jesus não estavam. Eles sabiam muito bem o que estavam fazendo.

A ideia de Igreja vem desde o AT, onde vemos Deus escolher não pessoas isoladas, nem tratá-las de forma isolada, mas escolher uma nação, governar sobre ela e tratá-la como uma comunidade do povo de Deus. No AT, palavra hebraica para “comunidade” é qãhãl, que na versão feita pelos próprios judeus para a língua grega é traduzida por ekklesia, de onde vem a palavra “igreja”. A meta de uma comunidade de adoração (Gn 28:3) só foi alcançado após o êxodo do Egito, quando o povo chegou ao Monte Sinai. Ali foi onde Deus declarou e explicou que os israelitas eram sua propriedade especial, um reino de sacerdotes e uma nação separada. O Senhor prometeu habitar entre eles como seu Deus, e não individualmente, mas como comunidade (Êxodo 19:5-6; 29:45).

No NT há uma nova mensagem: o governo de Deus chegou para todas as nações, que são convocadas para aquela mesma comunidade. Por isso, nos evangelhos, Mateus foi o único que usou a palavra “igreja” (no grego, ekklesia). Confira Mateus 16:18; 18:17.

Porém, diferente de Mateus, que usa “igreja” fazendo referência uma única vez a todos os salvos, todas as vezes que Paulo usa esse termo é para se referir às igrejas locais. Ou seja: grupos de cristãos verdadeiros que se reuniam para adorar, estudar a Palavra e serem discipulados, exatamente como Jesus ordenou na Grande Comissão (no “ide”).

Com a chegada do reino de Deus, temos a origem de uma comunidade dos seguidores de Jesus. A Igreja não é o reino. Ela é uma agência desse reino. É a Igreja que o proclama e traz as pessoas para o reino. A Igreja é o grupo de pessoas que compreendeu seu papel no mundo e sai pregando a vinda do reino, que é sobre (1) o domínio de Deus sobre tudo, (2) quem nós somos nesse reino, (3) a situação de rebelião que o mundo está e (4) o que o próprio Deus fez para reconciliar consigo um povo escolhido. O próprio chamado universal de Jesus à igreja cristã é cumprido em comunidade: fazer discípulos (Mateus 28:19-20).

Portanto, a Igreja é composta por aquelas pessoas que reconhecem a Jesus como Senhor e Salvador de suas vidas, foram lavadas pelo seu sangue e foram seladas pelo Espírito Santo, e esse povo se reúne.

Mas onde a igreja primitiva se reunia?

Para a infelicidade dos conspiracionistas, desde o início, a igreja já usava templos, incluindo o próprio templo judeu em Jerusalém (Atos 2:46; 5:42).

Além do templo, os primeiros cristãos usavam também as próprias sinagogas para congregar (Tiago 2:1-2).

Desde o início, a igreja verdadeira não apenas se reúne, mas é também ordenada a se reunir (Atos 2:1,42; Hebreus 10:25).

Então, é bobagem (é infantilidade e falta de informação básica) dizer que a igreja primitiva “só fazia culto em casa”. Pelo contrário, como vimos, a igreja se reunia no Templo judaico, em sinagogas, em praças, em casas, em qualquer lugar. Com o passar dos dias a perseguição se tornou muito maior e eventualmente até o próprio templo foi destruído e os cristãos não podiam sequer dizer abertamente que o eram, assim como no Oriente Médio e por isso os cultos eram feitos em casas, às escondidas, ou até mesmo em cavernas, como se lê nos inúmeros relatos dos pais da igreja, escritos nos primeiros séculos.

Sobre denominações, a dificuldade (que não é tanta dependendo da cidade) é encontrar um lugar onde o centro seja Cristo, e não a prosperidade, falsas demonstrações de espiritualidade, música ou qualquer outra coisa. Mas para isso, basta abandonar o orgulho e sair do neopentecostalismo. Isso, por si só, resolve 90% dos problemas. Procurar igrejas sérias, quase sempre, é simplesmente sair do oba-oba. É o básico. Uma simples busca no Youtube já coloca o crente no caminho para alguma delas.

Agora, que tal conversarmos sobre como era a liderança da igreja primitiva?

Em suas últimas palavras, Jesus ordenou que os discípulos fizessem também outros discípulos, não deles mesmos, mas de Cristo, para que a obra do próprio Cristo fosse continuada. A igreja primitiva seguiu esse princípio. Visto que o trabalho em equipe é uma estratégia do próprio Deus, permanecendo até os dias de hoje, superando ao longo dos tempos as adversidades, é crucial preparar novos discípulos de Cristo o entendimento de como o governo da igreja local deve funcionar.

O fato é que todos somos iguais diante de Deus e devemos nos portar com consciência disso entre os irmãos. Líderes que se sentem especiais e proclamam ter “autoridade” especial, em 100% dos casos são falsos mestres. Fuja deles.

Cada cristão é um membro importante do corpo de Cristo para a igreja local e certamente exercerá um papel importante orientado pelo Espírito Santo (Romanos 12:1-5).

Por outro lado, Deus estabeleceu que a igreja local fosse guiada por pessoas preparadas pelo Espírito Santo especificamente para pastorear as ovelhas de Cristo (João 21:16; Hebreus 13:7; Atos 20:28; 1Pedro 5:2).

Quando o Senhor condenou a incapacidade dos pastores de Israel de cuidar de suas ovelhas, declarou que Ele mesmo viria pastoreá-las (Ezequiel 34:11-16). Mas veja o detalhe: mesmo depois da morte de Davi e Ezequiel anunciando que Deus é verdadeiro pastor de Israel, ele também diz que “Davi” seria pastor juntamente.

“Eu mesmo apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar, diz o Senhor Deus […] eu livrarei as minhas ovelhas, para que não mais sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas. Porei sobre elas um só pastor, e ele as apascentará: o meu servo Davi. Ele as apascentará e será o seu pastor” (Ezequiel 34:15,22-23).

Davi certamente prefigurava Jesus, mas ele foi um homem comum que literalmente pastoreou sua nação, assim como outros reis que vieram depois dele. No tempo do NT, Jesus entregou essa função diretamente aos apóstolos, com todas as letras:

“Jesus perguntou pela segunda vez: Simão, filho de João, você me ama? Pastoreie as minhas ovelhas (João 21:16).

Mas entenda: a Bíblia diz que nem todos serão pastores, nem todos serão mestres e alguns nem sequer devem exercer essas funções (1Coríntios 12:11,29; Tiago 3:1). Além disso, na Igreja de Cristo, ninguém tem autonomia para se autonomear para a liderança. Ninguém está autorizado a se investir do ofício pastoral (2Coríntios 10:12; Hebreus 5:4). Pelo menos, não permanentemente (no caso de um cristão verdadeiro entender que precisa começar um trabalho onde está, por falta de igrejas sérias, a igreja precisa ter a opção de mantê-lo ou não como pastor).

Vamos começar pelo óbvio, pelo que a Palavra inspirada pelo Espírito Santo diz:

Cuidem de vocês mesmos e de todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocou como bispos, para pastorearem a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue. Eu sei que, depois da minha partida, aparecerão no meio de vocês lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” (Atos 20:28-29).

É fato que Deus ordenou sua Igreja a eleger pastores, mas pastores tementes a Deus.

“Aos presbíteros que há entre vocês, eu, presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e, ainda, coparticipante da glória que há de ser revelada, peço que pastoreiem o rebanho de Deus que há entre vocês, não por obrigação, mas espontaneamente, como Deus quer; não por ganância, mas de boa vontade; não como dominadores dos que lhes foram confiados, mas sendo exemplos para o rebanho. E, quando o Supremo Pastor se manifestar, vocês receberão a coroa da glória, que nunca perde o seu brilho” (1 Pedro 5:1-4)

Se há especificações para que um pastor seja biblicamente aprovado, é porque há falsos pastores. E, sem dúvida, há mesmo, aos montes!

Quem foge do pastoreio bíblico, ou é lobo ou está correndo direto para a boca de um.

Em primeiro lugar, é o próprio Espírito que vocaciona os cristãos para cargos mais específicos e foi Cristo mesmo quem disse que seria assim, nos prometendo que pessoas seriam levantadas para instruir e guiar sua Igreja (1Coríntios 12:11; Atos 20:28; Efésios 4:11).

Em segundo lugar, um pastor não governa sozinho, mas junto com um colegiado. Isso não blinda a igreja, mas evita muitos abusos. E o pastor precisa ter todas as qualidades morais que se espera de um cristão exemplar (1Timóteo 3:2-7). E o pastor deve ser apenas um presbítero com a responsabilidade mais específica de estudar a Bíblia com mais afinco e poder explicá-la à igreja local.

O governo da igreja local precisa necessariamente estar alinhado com esses princípios da Palavra. Diáconos e presbíteros, assim, formam o governo geral da igreja local, cada grupo com suas funções, sendo o pastor também um presbítero.

Uma liderança fora dos padrões bíblicos sempre será nociva para a igreja. Uma liderança nociva é autoritária, não está debaixo de responsabilidade, usa sua autoridade para introduzir doutrinas que não estão na Escritura sob pretexto de revelação e cria nos crentes um espírito de submissão a homens. Isso é contrário ao espírito bíblico, pois a nossa consciência está presa somente à Palavra de Deus. Se um líder está fora da Palavra, qualquer cristão tem a liberdade para questioná-lo (1Pedro 5:1-4).

O pastor não é autônomo, ele precisa responder pelo que faz. Pastores, presbíteros e diáconos devem ser disciplinados se caírem em erro e podem ser depostos.

Um adendo:

A Palavra ensina que Deus levanta pessoas pra guiar Seu povo, e isso já destrói o pensamento dos desigrejados.
Mas, convenhamos, existe muito folgado se intitulando pastor e é fácil descobrir alguns deles. É só falar o que Paulo falava sobre “não ser pesado” para a igreja.

A maioria TREME quando lê as passagens em que algumas das cartas de Paulo que deixam claro que ele continuava com essa profissão mesmo durante o seu ministério:

• Atos 20,34: Vocês mesmos sabem que estas minhas mãos trabalharam para as necessidades minhas e dos que estavam comigo.
• 1Coríntios 4,12: nos cansamos trabalhando com as próprias mãos.
• 1Tessalonicenses 2,9: Pois vocês ainda se lembram, irmãos, de nosso trabalho e fadiga. Noite e dia trabalhando para não sermos de peso para nenhum de vocês.
• 2Tessalonicenses 3,7-8: vocês sabem como devem imitar-nos, porque nós não ficamos sem fazer nada enquanto estivemos entre vocês, nem recebemos de graça o pão que comemos. Ao contrário, com esforço e cansaço trabalhamos dia e noite para não sermos de peso para nenhum de vocês

– Lucas Rosalem


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