O mesmo rompimento com a ideia legalista do “pagamento conforme o resultado” aparece na parábola socialmente chocante sobre os “trabalhadores da última hora” (Mt 20,1-16). Aí o choque social é realmente intencional.
Não no sentido de desculpar pagamentos socialmente injustos: isso está fora do teor da parábola. Simplesmente nega-se que a salvação seja recompensa de acordo com o esforço de cada um.
O que se reprova é ter inveja porque alguém é bondoso: “Tens inveja por eu ser bom?” (Mt 20,15). Censura-se nesta parábola, como atitude frontalmente contrária à praxe do Reino de Deus, o seguinte:
não se alegrar em servir “ por causa do Reino de Deus” e, em termos modernos, exigir um salário melhor (por exemplo, por viver no celibato por causa do Reino de Deus), e ficar com raiva (porque o casa).
Qualquer que seja a avaliação de conteúdo no caso, tanto a exigência de uma remuneração maior por causa do celibato, quanto o rancor contra o irmão mais novo, são atitudes estranhas à prática da vida cristã.
– Edward Schillebeeckx
– Apenas o Evangelho