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Como Escolher uma Perícope

O primeiros passo de uma exegese é delimitar no texto, justificadamente, a perícope que será examinada.

Antes de iniciar uma exegese séria de uma passagem bíblica, precisamos fixar o texto propriamente dito. Existem muitos manuscritos diferentes tanto do AT quanto do NT, e às vezes eles apresentam leituras bem diferentes. Dois procedimentos nos permitem fixar a leitura original: primeiro, a crítica textual compara as várias leituras e decide qual provavelmente serviu de base para as outras. Segundo, é preciso decidir se letras e frases estão ligadas ao termo anterior ou ao que vem depois delas […]. Na Antiguidade, não havia pontuação nem espaço entre palavras. […] Em vários casos, uma letra pode ser sufixo da palavra anterior ou prefixo da que vem em seguida. E frases como “em amor” podem pertencer à oração anterior (Ef l .4, 5 – ARC) ou à oração seguinte (Ef 1.4, 5 – ARA). (OSBORNE, 2009, p. 71).

Sem dúvida, a crítica textual é essencial e poderia muito bem ser concebida antes do recorte da perícope, inclusive para se ter clareza sobre o mesmo. No entanto, a crítica textual é tão trabalhosa que não é conveniente fazê-la em uma parte extensa do texto. Este é o motivo pelo qual a perícope, com sua devida justificação, seja geralmente recortada antes da crítica textual. De qualquer forma, essa sequência dos passos é uma decisão do exegeta.

A delimitação é feita percebendo no próprio texto se um trecho pode ser recortado sem perder o sentido, mantendo o que se chama de unidade de sentido.

Procure certificar-se de que a passagem que escolheu para fazer exegese é, de fato, uma unidade completa, independente (às vezes, chamada de perícope). Evite interromper um poema no meio de uma estrofe, ou uma narrativa no meio de um parágrafo — a menos que essa seja uma tarefa do seu trabalho, ou a menos que você explique claramente ao leitor a razão pela qual escolheu fazer a exegese de uma seção da passagem. Seu principal aliado é o bom senso prático. A passagem possui começo e fim reconhecíveis? Há algum conteúdo aglutinador e significativo que você pode observar? Avalie sua decisão, comparando-a com o texto hebraico e com as traduções modernas. Não confie nas divisões tradicionais de capítulos e versículos. Elas não fazem parte do texto original e, em muitos casos, estão completamente equivocadas. Atenção’. Você poderá achar confuso iniciar com a análise textual da passagem, se o seu conhecimento do hebraico é insuficiente. Nesse caso, faça primeiramente uma tradução provisória do texto hebraico. Não invista muito tempo neste ponto. Utilize uma tradução moderna confiável como guia, ou, se preferir, use uma Bíblia “interlinear” (v. 4.2.2). Depois de ter uma ideia básica do sentido das palavras no hebraico, poderá retomar a análise textual com proveito. (FEE, 2008, p. 31).

A Forma do Texto

Fonte:

FEE, Gordon; STUART, Douglas. Manual de exegese bíblica: Antigo e Novo Testamentos. São Paulo: Vida Nova, 2008.

OSBORNE, Grant R. – A Espiral Hermenêutica. São Paulo: Vida Nova, 2009.

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