- Você já parou para pensar sobre a quantidade e a qualidade dos manuscritos da Bíblia que ainda temos?
Pois bem. Veremos aqui como as fontes externas comprovam a veracidade da Bíblia e o que a própria Bíblia diz sobre si mesma.
Certamente, é uma desvantagem nós não termos mais nenhum dos escritos originais da Bíblia. Porém, devemos encarar isso como parte da providência de Deus. Além disso, isso é facilmente superado quando analisamos as cópias que sobreviveram ao tempo.
A Quantidade de Manuscritos. Existe um número considerável de manuscritos antigos em Hebraico do AT. No entanto, o número poderia ser muito maior, não fosse o cuidado que os escribas judeus tinham de enterrar cerimonialmente manuscritos imperfeitos ou desgastados. Muitos também foram destruídos durante a tão turbulenta história de Israel. Além disso, no século sexto, o AT foi padronizado por um grupo de escribas judeus que reuniu os livros já bem utilizados e reconhecidos pela comunidade hebraica, textos considerados pela tradição judaica como inspirados por Deus. O processo foi feito examinando e comparando todos os manuscritos conhecidos na época, e o resultado final ficou conhecido como Texto Massorético. O termo messorah, no hebraico, significa tradição. Todos os manuscritos que se desviaram desse padrão foram eliminados. Mas os manuscritos hebraicos existentes (as cópias) são suplementados pelos Rolos do Mar Morto (explicaremos mais adiante), a Septuaginta (uma tradução grega do AT do terceiro século), o Pentateuco Samaritano e os Targuns (paráfrases antigas do AT), como também pelo Talmude (ensinos e comentários relacionados às Escrituras Hebraicas). Só para termos uma comparação: o número de cópias de manuscritos existentes para qualquer obra dos autores gregos ou latinos, como Platão, Aristóteles, César ou Tácito, varia de 1 a 20.
A quantidade dos manuscritos do NT, por outro lado, não tem paralelos na literatura antiga. Existem mais de 5.000 manuscritos gregos, 8.000 em Latim e outros 1.000 em outras línguas (Siríaco, Copta, etc.). A esse número extraordinário, soma-se centenas de milhares de citações de passagens do NT pelos antigos pais da Igreja – somente com essas citações já é possível montar literalmente todo o NT.

Qualidade dos Manuscritos. Havia muita reverência e temor nos escribas judeus, que fez com que eles exercessem extremo cuidado ao copiar os manuscritos.
O processo de copiar era especializado em minimizar a possibilidade de erros. Letras, palavras e linhas eram contadas para garantir a exatidão. Se um erro simples, mínimo, fosse descoberto, todo o manuscrito era destruído. Por causa disso, a qualidade dos manuscritos da Bíblia Hebraica supera todos os outros da antiguidade. A qualidade dos manuscritos do NT é inferior à do AT, mas também é muito boa. Devido à quantidade enorme de cópias, existe muita variação, por conta de erros visuais ou de audição dos copistas, que usavam às vezes manuscritos levemente desgastados ou quando a cópia era feita de manuscritos lidos em voz alta. Há outros tipos de erros, mas de pouca relevância, e praticamente não afetam o sentido das passagens — e, quando afetam, pode-se facilmente consultar outros manuscritos, comparar e analisar. O que mais importa em tudo isso é que nenhuma dessas variações é significante o suficiente para questionar qualquer doutrina do NT. Não se sabe da existência de nenhum manuscrito original atualmente. Mas a maioria dos que estão disponíveis datam de menos de 200 anos da data de autoria (alguns estão dentro de 100 anos). Em suma, o AT e o NT desfrutam de muito maior atestação em termos de quantidade, qualidade e espaço de tempo do que qualquer outro documento antigo.
Como as Escrituras se referem continuamente a eventos históricos, esses eventos são verificáveis. Ou seja, a precisão da Bíblia pode ser verificada pelas evidências externas. A comprovação histórica de Jesus Cristo é bem estabelecida por fontes romanas, gregas e judaicas antigas, e esses escritos extrabíblicos afirmam detalhes do NT. Nós também encontramos outras referências seculares antigas a Jesus datadas a partir ainda do primeiro século, como uma carta escrita pouco depois de 73 d.C. por um prisioneiro sírio chamado Mara Bar-Serapião; além de escritos de historiadores como Cornélio Tácito, Suetônio, do governador romano Plínio, o satirista grego Luciano, e citações no Talmude Judaico. A Bíblia toda faz referências abundantes a nações, reis, batalhas, cidades, montanhas, rios, edifícios, tratados, costumes, economia, política, datas, etc.
Por ser muitas vezes tão específica, muitos desses detalhes tiveram investigação arqueológica. A arqueologia não pode comprovar a autoridade divina da Bíblia, mas já comprovou centenas de declarações bíblicas, contrariando contestações de céticos.
Por exemplo, achados arqueológicos na década de 1920 confirmaram a presença de cidades parecidas com Ur, descrita em Gênesis 11, cuja existência tinha sido duvidada por muito tempo. Gravuras descobertas em uma tumba egípcia retratam a instalação de um vice-rei de uma forma que corresponde exatamente à descrição bíblica da cerimônia envolvendo José em Gênesis 39. Tábuas de argila que datam de 2300 a.C. foram encontradas na Síria, apoiando relatos, vocabulário e geografia do AT. Os céticos duvidaram da existência dos hititas (Gn 15:20; 23:10; 49:29), até que uma cidade hitita, com registros completos, foi encontrada na Turquia.
Essas são apenas algumas das centenas de descobertas arqueológicas apoiando o AT. E o mais importante: até hoje nenhum fato apresentado no AT foi invalidado. Até mesmo as ocorrências “milagrosas” de Gênesis têm base probatória que podemos reivindicar. Registros babilônicos antigos descrevem uma confusão de línguas, de acordo com o relato da Torre de Babel. Esses mesmos registros descrevem uma inundação mundial como a do relato de Noé.
Você já pensou em por que houve tanto cuidado na preservação da Bíblia? Afinal, o que a Bíblia diz sobre ela mesma e qual é a importância de estudá-la com reverência e dedicação? Mais importante do que a veracidade das datas históricas e até mesmo do próprio relato dos acontecimentos é o hálito de Deus que está nas entrelinhas.

Revelação Geral. Para conhecermos a Deus como Ele é, Ele precisa se revelar a nós. Antes mesmo que o pecado entrasse no mundo, nós precisávamos que Deus nos falasse sobre si mesmo. Adão estava consciente de Deus porque Deus tornou isso possível revelando-se a ele.
Deus mostrou a Adão aspectos dele na criação que o cercavam. Esses aspectos nós chamamos de Revelação Geral (ou Natural).
Quando Adão pecou comendo do fruto proibido, Deus se afastou da raça humana e a revelação natural passou a não ser mais suficiente para que pudesse saber como se relacionar com Deus. Isso significa que o homem, por si só, não é capaz de encontrar a Deus ou mesmo de conhecê-lo.
Ainda que a luz da natureza e as obras da natureza manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, elas não são suficientes para dar ao homem conhecimento de Deus e da sua vontade suficientes para a salvação (Rm 1:19,20; 1Co 2:9-14).
A revelação natural é, portanto, suficiente para condenar, mas não para salvar, pois ela evidencia que Deus existe e que nós somos pecadores (Rm 1:19-21,32). Então, o Senhor se revelou em várias épocas e de formas diferentes ao seu povo, declarando sua vontade, sua direção e seus planos para redimi-lo através do Messias que Ele enviaria (1Co 1:21; Rm 10:13-14,17).
Revelação Especial. Deus revelou sua Lei gravando informações em tábuas de pedra; confirmou a autoridade concedida aos profetas por meio de sinais e maravilhas; veio até o seu povo através de teofanias, anjos, sonhos, visões e pelo seu próprio Filho. Deus, progressivamente, comunicou à Igreja, no curso dos séculos, as verdades necessárias à salvação. Deus falou através de Noé, Moisés, Davi, Salomão, dos profetas, dos apóstolos e de Jesus. À Igreja de Deus foi confiada uma Revelação Especial, inspirada, clara, precisa, autoritativa, suficiente para ensinar tudo que o homem precisa e deve conhecer com vistas à sua salvação, para a glória de Deus.