Elementos da Teologia do Antigo Testamento, de Thomas Tronco, teólogo e pastor auxiliar na Igreja Batista Redenção.
Esse livro soa como uma mescla de Teologia Bíblica (TB) com Teologia Sistemática (TS) . Essa abordagem é até mesmo mencionada/discutida no início do material, apesar de não ser propriamente assumida.
Mais importante do que ler a Bíblia é compreendê-la. Para isso, tanto a TS quanto a TB são fundamentais. Mas, de maneira especial, a TB ajuda o cristão a compreender o desenvolvimento teológico ao longo das páginas, conforme a Revelação progride nas narrativas. Por isso, todo cristão deveria se sentir motivado a ler materiais assim.
Este aqui é altamente recomendado – feito por um brasileiro, para brasileiros.
O leitor que nunca leu qualquer TB encontrará um material muito tranquilo de se ler, justamente por causa do formato, bem parecido com uma TS, apesar do encadeamento dos assuntos não ser o padrão.
O livro é fortemente influenciado por outro livro: Foco e Desenvolvimento No Antigo Testamento, de Carlos O C Pinto, que prefacia o trabalho de Thomas Tronco.
Vamos ao conteúdo.
O capítulo inicial trata de maneira geral à teologia do AT para, então, tratar sequencialmente, nos capítulos seguintes, dos seguintes temas: criador, criação, o pecado, a punição, a salvação, a comunhão, os decretos – fechando 8 capítulos, mais uma pequena conclusão.
O capítulo sobre o Criador é uma coleção sistemática dos atributos de Deus, à maneira mais convencional possível, ainda que ela parta de ferramentas da TB. Os atributos escolhidos são tratados sob estes títulos: eterno, ilimitado e infinito (onipotente, onisciente e onipresente), santo, pessoal, soberano, amoroso e fiel.
O capítulo sobre a Criação trata da TB feita nos primeiros capítulos de Gênesis, com o Universo trazido à existência do nada, seguindo de uma seção sobre antropologia (o que é o homem e o que é a criação à imagem de Deus), depois sobre o povo de Israel – o que é um grande salto temático, mas que o autor encaixa bem.
O capítulo sobre o Pecado começa com uma especulação sobre o pecado dos anjos, que é anterior ao dos homens, para então tratar deste segundo. Segue falando sobre as consequências do pecado e a doutrina da Queda e a condição do homem caído. Isso puxa o próximo tópico.
O capítulo sobre Punição mostra a relação da humanidade e Deus, nesse contexto de Queda. O autor explica vastamente sobre o problema do mal, o sofrimento humano, a punição individual (pelo pecado e por outros motivos) e coletiva, tratando da sua razão e objetivo.
É um capítulo longo, com uma seção considerável sobre o tema “O Dia do Senhor” no AT, que por si só vale a leitura do livro.
O capítulo sobre Salvação fala sobre a promessa da mesma, fala sobre como se dava a salvação nos tempos do AT (pessoal e nacional), aborda as questões rituais associadas à salvação, e fala também, brevemente, sobre “salvação espiritual” como tema subdesenvolvido no AT.
O capítulo sobre Comunhão é sobre o desejo de Deus e sua insistência não só em salvar o homem, mas em manter um relacionamento de proximidade, cuidado e amor com ele. Depois de introduzir essas questões, o autor fala do tema “andar com Deus”, que tanto aparece no AT, e fala da Lei do AT (com uma grande seção sobre os Dez Mandamentos).
O último capítulo, sobre Decretos, começa falando as soberania de Deus – lembre-se: não é de uma perspectiva tipicamente sistemática, mas de TB, o que muda completamente a forma de tratar o assunto.
O capítulo trata vastamente também do tema “eleição”, que quase dita o tom do AT inteiro, por isso recebe uma atenção especial e vale a pena ler.
Depois disso, o autor trata de outro tema que também conecta todo o AT: as alianças.
Recomendo o livro.