Por Lucas Rosalem.
“Esforcem-se para viver em paz com todos e procurem ter uma vida santa, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
Quando eu converso com ateus sobre política e economia, o que mais me chama atenção não é o que eles pensam ser mais eficiente ou estar correto, mas a noção distorcida de justiça. Ateus de direita e de esquerda têm noções distorcidas de maneiras diferentes, mas sempre implica na mesma ideia: impor à sociedade o que eles consideram melhor. Se alguém discorda é porque é “extremista” ou um imbecil.
Mas espere aí… isso é só coisa de ateu mesmo? Infelizmente, não.
O que mais tenho visto nos últimos meses são evangélicos e católicos (que são a maioria do Brasil) discutindo na Internet (ou apenas expondo suas fantásticas opiniões) exatamente da mesma forma que qualquer ateu. Se pegarmos apenas esse conteúdo, é impossível deduzir que trata-se de um “cristão”. Bom, na verdade, isso está se repetindo tanto que já não é mais impossível. Aliás, nem sequer faz diferença. Não há mais diferenças reais entre o comportamento de ateus e cristãos na Internet.
Dos dois lados há zombaria, descaso com problemas reais, defesa de coisas indefensáveis, etc. Qualquer coisa serve para validar o lado escolhido. Isso te lembra alguém? Você, talvez?
Agora, pense no seguinte: visualize uma pessoa que foi escolhida pelo Criador para contar a todas pessoas quanto puder, algo especial e mais importante que qualquer outra coisa; não só contar, mas explicar e acompanhar a todas essas pessoas que tiver alcance; alcance esse que será especialmente afetado pelo seu testemunho pessoal, pela forma com que essa pessoa se expõe, se expressa e se relaciona. Imagine que essa pessoa escolhida não está sozinha. Na verdade, ela foi inserida num grupo muito maior que deve estar plenamente unido e se apoiando, independentemente das suas diferenças secundárias, para que a missão do grupo seja alcançada fielmente.
Conseguiu visualizar?
O que aconteceria se alguém desse grupo tão separado começa a se comportar como se nada disso importasse; como se o próprio grupo não fosse bom o suficiente para merecer suas ideias; como se as pessoas fora do grupo não importassem, já que não concordam com suas opiniões super inteligentes; o que aconteceria? Lembre-se do alerta de novo:
“Esforcem-se para viver em paz com todos e procurem ter uma vida santa, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12:14).
Vamos ignorar uma opção muito forte que é essa pessoa nunca ter sido escolhida para esse grupo de verdade. Vamos lidar apenas com a hipótese dessa pessoa ter sido seduzida pela velha criatura gritando dentro de si, moldada a incontáveis péssimos exemplos por todo lado.
O que o restante do grupo deveria fazer? Eu tenho visto 2 caminhos mais comuns e um terceiro que é bíblico: (1) Abandonar a pessoa, caso suas ideias sejam discordantes das minhas; (2) Apoiar a pessoa, mesmo que suas opiniões sejam anticristãs, desde que suas ideias apoiem as minhas; (3) “Vigiem para que ninguém seja imoral ou profano, como Esaú, que trocou seus direitos como filho mais velho por uma simples refeição” (Hb 12:16).
O verso anterior diz o seguinte: “Cuidem uns dos outros para que nenhum de vocês deixe de experimentar a graça de Deus. Fiquem atentos para que não brote nenhuma raiz venenosa de amargura que cause perturbação, contaminando muitos” (Hb 12:15).
Se você vê um irmão agindo de forma idêntica a um ateu, mesmo que o pretexto seja religioso, agindo com péssimo testemunho, e você não faz nada porque o que ele diz concorda com o lado que você está, o que isso diz a seu respeito?
Se você abandona um irmão agindo dessa forma, de repente até passando a ter nojo dele, porque as opiniões dele discordam do lado político que você escolheu, o que isso diz sobre você?
Para ambos os casos (e dificilmente você não esteja em um deles!), quero terminar este texto da mesma forma que o autor de Hebreus termina o capítulo, com um lembrete:
“Porque nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12:29).
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