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A Inerrância da Bíblia

A Inerrância da Bíblia

Devido à quantidade variada de acusações tolas feitas contra a Bíblia, envolvendo supostos erros e contradições, faz-se necessário completar o tópico em defesa de sua inerrância com mais algumas informações. Ao dizermos que a Bíblia é inerrante, indicando que nela não existe erros, nem falsidade, muito menos contradições, precisamos estar cientes de algumas questões. Como explica Grudem:

Essa definição é bastante abrangente e centra-se na questão da veracidade e da falsidade na linguagem das Escrituras. A definição em termos simples significa que a Bíblia sempre diz a verdade e que sempre diz a verdade a respeito de todas as coisas de que trata. Essa definição não significa que a Bíblia nos comunica todos os fatos que podem ser conhecidos acerca de certo assunto, mas afirma que tudo o que diz acerca de qualquer assunto é verdade. […] Apesar de o erro e a falsidade, pelo menos em parte, poderem caracterizar a expressão verbal de todos os seres humanos, uma característica do discurso divino, mesmo quando proferido por meio de seres humanos pecadores, é jamais ser falso e nunca aprovar o erro. (GRUDEM, Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, p. 58-59 – grifo nosso).

Vejamos como essa explicação é complementada por Campos:

A fraqueza mais óbvia do termo inerrância é que ela nubla a distinção entre erro e falsidade. Um erro é um engano. Quando um escritor comete um erro, de algum modo, falha em perceber sua intenção. Mas, em geral, um mentiroso diz exatamente o que pretende dizer; ele percebe sua intenção, embora essa intenção seja imoral. Se ele comete um erro, até certo ponto é um pobre mentiroso. Assim, um livro inerrante, tecnicamente falando, pode ser cheio de mentiras. Essa objeção não é tão pedante quanto parece ser, porque, para aqueles que insistem na inerrância, o ponto básico é frequentemente o slogan de que Deus não mente.331 Por essa razão, os defensores da inerrância juntam os dois termos “sem erro ou falsidade”, para fazer alusão aos exatos dados em História ou Ciência, juntamente com o entendimento cristão daquilo que é falso ou herético em matéria doutrinária. (CAMPOS, Eu Sou: Doutrina da Revelação Verbal, p. 270).

Pontos Para Entender a Bíblia
Pontos Para Entender a Bíblia

Antes de entrarmos nos tópicos mais específicos, vamos compreender biblicamente o que está por trás da justificativa teológica e lógica que iremos usar como fundamento para toda a nossa argumentação, com essa explicação de Grudem:

Deus não pode mentir nem falar com falsidade. A essência da autoridade das Escrituras está na sua capacidade de nos compelir a crer nelas e a elas obedecer, fazendo que tal fé e obediência sejam equivalentes a fé e obediência ao próprio Deus. Por esse motivo, é necessário considerar a veracidade das Escrituras, pois crer em todas as palavras da Bíblia implica confiança na completa veracidade das Escrituras em que cremos. […] Já que os autores bíblicos repetidamente afirmam que as palavras da Bíblia, apesar de humanas, são do próprio Deus, é bom olhar para textos bíblicos que falam a respeito do caráter das palavras de Deus e aplicá-los ao caráter das palavras das Escrituras. Há algumas passagens bíblicas que falam especificamente sobre a veracidade do discurso divino. Tito 1.2 fala de “o Deus que não pode mentir” ou (traduzido de forma mais literal) “o Deus não mentiroso”. Porque Deus é um Deus incapaz de dizer uma “mentira”, podemos sempre confiar em suas palavras. Uma vez que as Escrituras como um todo são expressas verbalmente por Deus, toda a Bíblia deve ser “não mentirosa” assim como o próprio Deus: não pode haver inverdades nas Escrituras.13 Hebreus 6.18 menciona duas coisas imutáveis (o juramento de Deus e sua promessa) “nas quais é impossível que Deus minta”. Nesse ponto, o autor diz não apenas que Deus não mente, mas que não é possível que ele minta. Embora aqui se faça referência imediata apenas a juramentos e promessas, se é impossível para Deus mentir nessas declarações, então com certeza é sempre impossível para ele mentir (pois Jesus repreende com severidade aqueles que dizem a verdade apenas sob juramento: Mt 5.33-37; 23.16-22). De forma parecida, Davi diz a Deus: “…tu mesmo és Deus, e as tuas palavras são verdade” (2Sm 7.28). […] Portanto, todas as palavras nas Escrituras são inteiramente verdadeiras e não contêm erro em lugar algum. Já que as palavras da Bíblia são palavras de Deus, e já que Deus não pode mentir nem falar falsamente, é correto concluir que não há inverdades ou erros em qualquer parte das palavras das Escrituras. “As palavras do Senhor são palavras puras, prata refinada em cadinho de barro, depurada sete vezes” (SI 12.6). Aqui o salmista usa imagem vivida para falar da pureza não diluída das palavras de Deus: não há imperfeição nelas. Também em Provérbios 30.5 lemos: “…toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam”. Não são apenas algumas palavras das Escrituras que são verdade, mas cada palavra. De fato, a Palavra de Deus está firmada no céu por toda a eternidade: “Para sempre, ó Senhor, está firmada a tua palavra no céu” (SI 119.89). Jesus pode falar da natureza eterna de suas próprias palavras: “Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não passarão” (Mt 24.35). A manifestação verbal de Deus é colocada em contraste nítido com toda manifestação verbal humana, pois “Deus não é homem para que minta; nem filho de homem para que se arrependa” (Nm 23.19). Esses versículos afirmam explicitamente o que estava implícito na exigência de que creiamos em todas as palavras das Escrituras, ou seja, não há inverdades ou falsidades afirmadas em nenhuma declaração da Bíblia. (GRUDEM. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, p. 52, 56).

Como vimos na unidade anterior, tudo o que a arqueologia descobriu até hoje serviu apenas para provar a confiabilidade e a precisão do texto bíblico. O que percebemos de vista é que isso se aplica a uma variedade enorme de assuntos e evidências.

A Bíblia toda faz referências abundantes a nações, reis, batalhas, cidades, montanhas, rios, edifícios, tratados, costumes, economia, política, datas, etc. Por ser muitas vezes tão específica, muitos desses detalhes tiveram investigação arqueológica. A arqueologia não pode comprovar a autoridade divina da Bíblia, mas já comprovou centenas de declarações bíblicas, contrariando contestações de céticos. Por exemplo, achados arqueológicos na década de 1920 confirmaram a presença de cidades parecidas com Ur, descrita em Gênesis 11, cuja existência tinha sido duvidada por muito tempo. Gravuras descobertas em uma tumba egípcia retratam a instalação de um vice-rei de uma forma que corresponde exatamente à descrição bíblica da cerimônia envolvendo José em Gênesis 39. Tábuas de argila que datam de 2300 a.C. foram encontradas na Síria, apoiando relatos, vocabulário e geografia do AT. (ROSALEM, Discípulo Fiel, p. 15).

Essas são apenas algumas das centenas de descobertas arqueológicas apoiando o AT. E o mais importante: até hoje nenhum fato apresentado no AT foi invalidado. Até mesmo as ocorrências “milagrosas” de Gênesis têm base probatória que podemos reivindicar. Registros babilônicos antigos descrevem uma confusão de línguas, de acordo com o relato da Torre de Babel. Esses mesmos registros descrevem uma inundação mundial como a do relato de Noé. A isso tudo, segue-se esta afirmação complementar:

A Bíblia é o único livro sagrado dos cristãos e a única fonte de informações confiáveis, porém, não sobre todos os assuntos. A Bíblia não tem intenção de dizer como é que funciona o ácido fórmico que a formiga injeta no nosso dedo quando estamos distraídos. Ela também não deseja falar sobre o acasalamento dos marimbondos. Nem discute se devemos falar mandioca, aipim ou macaxeira. Muito menos explica se o correto é bolacha ou biscoito. O propósito não é esse! A Bíblia é a única palavra final da revelação que Deus nos deu a respeito de si mesmo, da sua criação e do seu plano para nós. Então, apesar da Bíblia ser inteira verdadeira, ela não é um livro sobre todo e qualquer assunto. Ela também não é um livro que espiritualiza as coisas sem necessidade. Em muitos povos, a mitologia e a religião surgiram como explicação de coisas da natureza que o homem ainda não compreendia. Quando algum fenômeno natural parecia inexplicável, ele era atribuído à ação de algum deus. A Bíblia, porém, não pode ser acusada disso, pois ela nunca foi um livro sobre a natureza, nem para explicar fenômenos naturais. A Bíblia também não é um livro de análise científica. Quando o texto diz, por exemplo, que “o Sol parou” (Js 10:13), não está querendo dizer que é o Sol que gira em torno da Terra. Está apenas fazendo uso do ponto de vista do observador, da mesma forma que até hoje nós ainda dizemos “o Sol nasceu” ou “pôr do Sol”. A Bíblia não é sobre todos os assuntos. Mas em tudo que ela se manifesta, é infalível e inerrante. (ROSALEM, A Espada do Espírito, p. 17).

Essa compreensão, por si só, já invalida a grande maioria das acusações de supostos erros e contradições na Bíblia. Ex: quando acusam a Bíblia de conter erros, um motivo citado é que ela coloca o morcego numa lista de aves (Lv 11). E veja: a pior desculpa que um teólogo pode dar é que Moisés não sabia o que nós sabemos hoje. Isso apenas dá margem para um ateu dizer que a Bíblia contém as imperfeições dos escritores. Essa não é a resposta correta.

Moisés, o escritor de Levítico, não escreveu assim por falta de informações científicas, mas porque usou os critérios daquela época para categorizar os animais. Isso não tem nada a ver com informação desatualizada. Ele não errou de nenhuma maneira. Ele apenas não usou o mesmo método de categorização que usamos hoje. A própria compreensão da escrita pode nos ajudar a entender a questão definitivamente.

Quando um escritor do Novo Testamento cita os dizeres de Jesus, não é necessário que repita suas exatas palavras, pois não dispunha, à época, de um gravador para registrá-las. É verdade que o “Espírito Santo os guiou a toda a verdade”, mas eles registraram exatamente o que Jesus quis dizer com suas palavras. Muitos dos ditos de Jesus foram em aramaico, e eles os traduziram para o grego, com uma mentalidade ainda hebraica. Os escritores também não contavam com todas as nossas regras modernas de Linguística, e não dispunham dos mesmos recursos que nós. Por isso alguns discursos de Jesus são registrados na forma indireta, e não direta. Além disso, alguns têm uma conotação mais livre na tradução e no registro do que outros. O certo é que essa questão não pode ameaçar a doutrina da inerrância da Escritura, pois os escritores foram guiados pelo Espírito e não falharam no conteúdo da mensagem, embora nem sempre tenham registrado literalmente as palavras ditas.  (CAMPOS, Eu Sou: Doutrina da Revelação Verbal, p. 269).

O grego escrito da época do Novo Testamento não possuía aspas ou sinais equivalentes de pontuação, e uma citação exata de outra pessoa precisava incluir apenas uma representação correta do conteúdo dito por ela (bem parecida com nossa citação indireta); não se esperava que contivesse todas as palavras de forma exata. Assim, a inerrância é coerente com citações vagas ou livres do Antigo Testamento ou das palavras de Jesus, por exemplo, contanto que o conteúdo não seja falso se comparado à declaração original. Em geral, o autor não dava a entender que estava empregando textualmente as palavras da pessoa citada ou apenas elas, e os primeiros ouvintes também não esperavam citações literais nesses relatos. (GRUDEM. Teologia Sistemática Atual e Exaustiva, p. 60).

Muitas bíblias que usamos hoje ainda usam a norma antiga para o uso de hífen. Isso significa que essas Bíblias têm erros de ortografia? Claro que não. Algo parecido acontece nos textos originais do apóstolo Pedro. Pedro não era muito culto. Todos os estudiosos do grego, inclusive cristãos, concordam que Pedro não escrevia muito bem e era bastante limitado. Até porque, o grego não era sua língua mãe. Mas erros gramaticais só existem quando analisados dentro de alguma norma que escolhemos arbitrariamente. Por isso, no máximo, poderia ser dito que a escrita de Pedro não corresponde a alguma norma estabelecida, o que também não seria verdade. De qualquer forma, da mesma maneira que não faz sentido dizer que uma Bíblia dos anos 90 contém erros só porque não usa uma norma gramatical específica, não se pode dizer que Moisés cometeu erros de escrita, nem erros de categorização. Moisés não errou; ele apenas usou uma norma antiga como critério.

A maioria dos erros que os ateus dizem que a Bíblia tem é dessa natureza. Quem acha que está refutando a Bíblia dizendo que ela não é científica em uma passagem ou outra, na verdade, testifica ser um grande ignorante em ciências. Cada nova geração, por falta de estudo da própria ciência, repete esse jargão. Mas, para a infelicidade dos céticos, a cada pouco descobre-se mais evidências a favor da Bíblia. De fato, por muitas décadas, datas, lugares e nomes de povos registrados na Bíblia eram contestados, pois não havia nenhum registro  histórico que os comprovasse. Com o passar dos anos, a arqueologia já encontrou muitos registros provando inúmeras informações bíblicas antes questionadas. Então, não, a Bíblia não contém erros, e desonestidade não tem ajudado a ala ateísta.

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