Por Pedro Dulci
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No centro das posturas de raiva e ressentimento na internet está o desejo de encontrar em toda publicação a própria opinião. Quando essa expectativa é frustrada a reação violenta parece justificada!
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Essa semana recebi vários comentários maldosos sobre minha participação em um congresso teológico. Os cristãos mais progressistas colocaram em dúvida minhas competências filosóficas… Os irmãos mais puritanos questionaram a seriedade do evento por receber um herege como eu!
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Não perdi um segundo do meu sono por causa dessas críticas. Mas elas me colocaram para pensar.
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Uma estudante do Invisible College fez um comentário certeiro: ela reparou como várias mensagens que recebo em meus textos são do tipo “eu estava pensando exatamente nisso…” ou então “olha aí fulano, nossa conversa dessa semana”.
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Eu amo receber cada feedback das postagens aqui, e cresço muito com todas elas. Mas algumas delas exemplificam como nós gostamos de ter nossas opiniões reforçadas.
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O hater também gosta. Gosta tanto que ataca quem não compartilha de sua visão de mundo.
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Essa postura é muito empobrecedora. Eu não compartilho desse desejo desenfreado de só estar em contato com aquilo que reforça minhas opiniões.
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Busco ser coerente com a teologia reformada e manter-me tanto como alguém do Diálogo, quanto da Antítese.
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Eu realmente creio, por causa da graça comum de Deus, que o mais rebelde dos pescadores não consegue deixar de partilhar algo de bom que eu possa aprender. Por isso estudo os ateus, os hereges e os malditos. Por isso tenho disposição de sentar em qualquer mesa — até dos que me descredibilizaram.
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Entretanto, não sou ingênuo de pensar que nossos diálogos não possam chegar a um determinado momento em que não será mais possível permanecer em comunhão. Existem fronteiras, limites determinados pelos diferentes amores e compromissos que governam nossos corações.
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Diálogo e Antítese. Graça comum e graça salvífica. Essas doutrinas me mantém perto o bastante dos meus malvados favoritos, e longe o suficiente da heresia e do pecado.
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Por fim, ore pelos líderes que assumem dimensões públicas a ponto de tornarem-se alvo de haters. Não temos ideia do custo emocional que é cobrado por assumirem uma postura fiel na esfera pública.
PARE DE BUSCAR SÓ O QUE TE AGRADA!

