Por Lucas Rosalem.
“Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és observador da lei, mas juiz” (Tiago 4:11).
A passagem acima parece bastante óbvia, não é? No entanto, como agir em relação ao presidente da república (caso você esteja discordando das suas ações) ou em relação aos seus opositores (caso você esteja a favor do presidente)?
De tempos em tempos, os cristãos são confrontados com situações nas quais eles demoram para perceber que estão agindo contra o que eles mesmos acreditam (se é que conhecem a Bíblia direito), pois essas situações trazem dilemas anteriores não enfrentados. Na falta de reflexão, agimos precipitadamente, com o coração em chamas, e pecamos contra os outros e contra Deus.
Sim, eu sei que você deve ter argumentos para defender uma postura bastante agressiva contra certas coisas (posturas, valores, decisões e suas consequências, etc.). Mas a sabedoria está em escolher bem em quais brigas entrar. E essas brigas não podem, de maneira nenhuma, nos atrapalhar na nossa missão. Elas não podem gerar obstáculos entre você e pessoas que você precisa ter comunhão (no caso de qualquer cristão) ou precisa evangelizar.
Eu não tenho a resposta perfeita sobre como você poderia mudar a forma de tratar aqueles dos quais você discorda e que já tem considerado como verdadeiros inimigos (talvez com palavras muito piores e sentimentos totalmente diabólicos, mesmo sem perceber e ainda sentindo-se muito correto). Realmente, eu não sei o que você deve fazer, muito menos ainda, diante dos que agem assim com você, abertamente agressivos, maldosos e ignorantes. Eu sei de uma coisa: eu, você e os demais não sabemos onde a crise atual vai nos levar, mesmo que tenhamos muita convicção de uma opinião específica, de uma solução qualquer.
De qualquer forma, se estamos militando tanto ferrenhamente por qualquer dessas convicções e soluções, será que o nosso coração está no lugar correto? Como você sabe que não está desejando demais as coisas deste mundo, e pior ainda, confiando demais no sistema político, nas notícias, estatísticas e opiniões de cientistas?
É interessante que o mesmo Tiago que escreveu o verso acima, escreveu logo depois isto:
“Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tiago 4:13,14).
Quer dizer que os cristãos não devem se preparar para a vida? Pelo contrário, como Tiago diz na sequência: “Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo“ (v.15).
Qual a diferença, então?
A diferença é que, diferente dos descrentes, que estão não apenas com o coração totalmente nas coisas desta vida, mas também toda a sua esperança se resume ao que se pode ver, nós, cristão, agimos com responsabilidade sem, porém, colocar a nossa esperança nisso. A nossa esperança está justamente em sabermos que essas coisas todas aqui são passageiras e, indo bem ou não, nós estamos assegurados para algo muito maior e duradouro no porvir.
Lute com essa sensação de que você precisa fazer algo para salvar o mundo. Lute contra a sua inclinação natural de pensar que esta vida são tudo que você tem. Lute contra a vontade desesperada de colocar sua esperança em políticos e de militar por eles.
Lute contra o pecado gritando na sua cabeça tentando te convencer. Não sabote a sua missão nesta vida: esteja preparado para sofrer, ansioso por testemunhar de Cristo e apto para explicar o que Ele fez na cruz.